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Ponto por ponto

É preciso recuperar os acontecimentos do passado recente para se preparar o presente e reflectir o futuro. Sim, o futuro. Das gerações vindouras. Pois, se não conseguimos aprender nada com os nossos erros, aprendamos, ao menos, com os erros e com os maus exemplos dos outros.

Ponto um - A Austrália continua a arder com incêndios por todo o lado. O primeiro-ministro, Scott John Morrison, foi de férias para fora do país. Por este facto, os australianos indignaram-se

por ver o país a arder e o seu primeiro-ministro de férias. Indignação que fez regressar o político. Pelos canais de televisão, Morrison teve a hombridade de se penitenciar e de pedir desculpas públicas.

Em Portugal, 2017, os fogos decorriam e o dr. Costa foi de férias. E de férias ficou com o martírio dos 66 mortos que foram incinerados pelas labaredas de Pedrógão. Recentemente, as intempéries “Elsa” e “Fabien” causaram grandes problemas no Norte e Centro do país, onde rebentaram dois diques alagando vastas áreas do Baixo Mondego, causando pânico nos residentes. Alguém ouviu ou viu o dr. Costa nessa altura? Porque se calaram os jornalistas, perante essa ausência? O que disse a oposição? Como é possível haver medo em democracia? Contas feitas, temos uma realidade e dois comportamentos. De um lado, um povo exigente; do outro, um povo submisso, habituado a receber as migalhas paternalistas do Estado.

Ponto dois - A RTP - (a televisão do PS?) - andou a fazer fretes (?) ao governo. Isto não pode ser nem deveria acontecer. O bloqueio à investigação do polémico caso do lítio representa o que não deve fazer um canal público de televisão. Bloquear esta ou qualquer investigação para não causar possíveis danos ao partido do governo é uma indecência e uma afronta só possível em regimes ditatoriais. No século XXI é inaceitável; em democracia, uma facada mortal na isenção, no rigor e na seriedade da informação; numa sociedade do primeiro mundo é completamente incompreensível. Assim não vamos lá, mesmo com optimismos e fingimentos de sobra. Seremos sempre um país de maus exemplos, acrítico e atado por pequenos “manipuladores”? Enfim, uma tristeza!

Ponto três - Mais uma tirada do famoso ministro Santos Silva (SS). Este político-sociólogo, talvez um tanto irresponsável nas “bocas” que manda para o ar, perdeu uma boa oportunidade para estar calado. O ter a propensão política de “gostar de malhar na direita”, não lhe dá o direito de molestar seja quem for e que pense de modo diferente. Há tempos, apareceu com a expressão sonsa da “feira do gado” para comparar este tipo de feira, onde se marralha ao cêntimo, com as negociações que se desenrolavam na Concertação Social, quando se discutia o salário mínimo. Recentemente, rotulou a gestão empresarial nacional como “fraquíssima qualidade”. Este rótulo é grave para a imagem e para a projecção dos empresários nacionais no contexto internacional e concorrencial. Falta de respeito, também.

Para se resolver de vez o problema da eficiência organizativa empresarial, aconselho este político da velha guarda de Guterres, de Sócrates e do dr. Costa, a ir a um banco de investimentos, pedir uns milhões para fundar uma empresa competitiva e criar emprego de alta qualidade. O sucesso empresarial será óbvio, não tivesse SS o sentido do empreendedorismo apurado e treta e influência suficientes para colocar os mercados do seu lado. Ao mesmo tempo, daria também um bom exemplo de gestão à classe empresarial, pois o retorno financeiro estaria assegurado. O emprego de qualidade para os jovens licenciados seria óbvio. Não havia mais o flagelo da emigração.

Ponto quatro - Analisadas as reações naturais e incomodadas dos empresários, as redes sociais caíram-lhe também, em cima com impropérios de toda a espécie. O “provocador” ministro meteu o “rabinho entre pernas” e limitou-se a pedir desculpas. No meu ponto de vista, a afirmação proferido revela uma insensatez incomensurável e um potencial de desespero pelo cenário macro-económico que se avizinha em 2020. E na hipótese de acontecer um arrefecimento brusco e acentuado da economia nacional, o PS já tem a desculpa montada para justificar o injustificável: a culpa recairá sobre a má qualidade dos empresários.

Até agora o bode expiatório era Passos Coelho. Como este argumento já não pega, há que preparar uma saída à socialista para iludir a possível degradação económica e social.


Autor: Armindo Oliveira
DM

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19 janeiro 2020