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Ponto por ponto

Ponto um - O turismo é o maná económico destes tempos. Esta dádiva da economia de mercado está animando toda uma indústria que se especializou em criar e a proporcionar ofertas bem sofisticados aos seus consumidores. E são muitos, porque viajar e contactar com outras gentes é, além de divertido, muito enriquecedor sob o ponto de vista cultural e do bem-estar pessoal.

O frenesim económico e cultural em vigor, mais lúdico do que cultural, que advêm do turismo, atinge praticamente todos os países do mundo. O reverso da medalha está surgindo de forma abrupta e bruta que se consubstancia com o volume anormal de turistas em movimento que vão espalhando também a sua pegada negativa no que concerne à ecologia e à utilização desmesurada do património construído, pondo em causa o equilíbrio dos locais visitados. Já há cidades que lutam contra esta “indústria pesada” que impiamente impõe a sua pegada poluente para mal dos seus naturais e residentes.

Ponto dois - Todos os países do mundo querem esta economia a funcionar em pleno. Para isso, fazem avultados investimentos para a desenvolver e a fixar em patamares de excelência. O turismo é uma fonte geradora de emprego, de investimentos diversos e de receitas importantíssimas para melhorar a qualidade de vida dos seus cidadãos.

Em contraponto, há cidades, talvez, os melhores destinos, que já entraram na fase de exaustão e agora começam a surgir, aí, grupos radicais a escorraçarem o turismo massificado, até de um modo violento, devido ao enorme problema ambiental, de agitação e de insegurança que provoca. Pesados os benefícios e os malefícios desta indústria, verifica-se que o extremismo ideológico está cada vez menos disposto a ver as suas cidades a serem invadidas por esta horda turística que degrada o ambiente e destrói o sossego de todos. É assim que os extremistas pensam, mas, no final, não abdicam das mordomias e dos confortos daí provenientes. Querem o sol na eira e a chuva no nabal.

Ponto três - “O que é demais é erro” - diz o adágio popular. Contudo, ainda penso que o turismo traz mais-valias significativas para as cidades que o recebe, proporcionando boas receitas que se podem reverter em requalificações urbanas no que respeita ao seu património edificado, ao aquecimento económico na área comercial, aos investimentos múltiplos que se fazem e que, no final, desaguarão em melhorias do bem-estar das pessoas e no desenvolvimento mais sustentado do país. Foi o turismo que alavancou algum crescimento neste país.

Ponto quatro - Partindo destes pressupostos, Braga ainda está dar os primeiros passos nesta indústria. A cidade, se quer entrar nesta vertente económica de forma sustentada, tem que apostar de preferência no turismo de qualidade, em que a exigência no serviço, a segurança, o conforto e a hospitalidade estejam, claramente, na primeira linha das suas preocupações. A cidade, se se quer impor neste mercado competitivo, tem que oferecer condições excelentes de cultura para os visitantes se renderem à sua magia e aos seus encantos. Neste enquadramento e a par da reabilitação urbana, avanço com a ideia de se construir um grande “Museu da Cidade”, que seria um pólo cultural dinâmico e decisivo para atrair com qualidade mais visitantes. A cidade já possui uma plêiade de pequenos museus como: Biscaínhos, Imagem, Arqueologia, Tesouro da Sé, Pio XII, Henrique Medina, Nogueira da Silva. Agora, seria a vez da construção do tal “Grande Museu” no seu centro histórico para colocar a cereja em cima da oferta museológica.

Srs. autarcas, já viram os 175 milhões de euros esbanjados no Estádio da Pedreira ao serviço da cultura, das pessoas e do concelho? Dá que pensar nas decisões que são tomadas pelos mandantes da cidade. Apela-se a mais cuidado, ponderação e mais respeito pelo futuro.


Autor: Armindo Oliveira
DM

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27 outubro 2019