Para que serve a oposição num regime democrático? Para enfeitar o sistema? Para mandar uns bitaites? Para ser o bode expiatório de todos os males do país da coligação negativa no poder, nos momentos de maior crispação política e social referente ao seu passado? Para se sentar na Assembleia da República e garantir que uns tantos deputados batam palmas e digam “muito bem, muito bem” nos discursos dos seus líderes? Para fazer figura de bobo nos debates em que se debate coisa nenhuma? Não e não. A oposição tem que fazer oposição. Tem que estar vigilante a todas as artimanhas governativas e apontar publicamente os erros cometidos por essa gente que nos governa, denunciando tudo, mas tudo, com frontalidade e sem medo. Em todo o lugar e a toda a hora. Sem contemplações e sem comiserações. De forma civilizada, claro. É assim que funciona uma verdadeira democracia, escrutinada em permanência, ousada nos objectivos e eticamente responsável. Com embustes à socialista, degrada-se o país.
Ponto um - Oposição precisa-se - A oposição tem que enfrentar o poder de caras e não dar descanso à arrogância, ao cinismo e à endogamia reinante, toques indeléveis desta coligação, que vai espalhando “graciosamente” pelo país a ideia aparvalhada de ser o repositor de salários e o defensor dos direitos dos trabalhadores. A oposição serve para não permitir abusos, desvios e manobras que atentem contra o bom futuro de um pais e contra as regras mais elementares da democracia. A oposição tem que ser exigente e criteriosa em tudo e não se deixar pendurar nas habilidades de um político mais ou menos ardiloso. A oposição tem que convocar conferências de imprensa com frequência para desnudar os embustes e acordar os eleitores para o que está sendo feito e mal feito ou o que está sendo escondido. Tem que mobilizar os seus militantes e simpatizantes para um combate político sério e responsável. Um combate sem tréguas pela verdade, pelo rigor e pelas boas práticas políticas e de gestão. A oposição tem que ser oposição a esta coligação de “esquerdas” com as suas políticas ilusórias e contra a negação democrática que está sendo levada a cabo. A greve dos motoristas de matérias perigosas é um bom exemplo.
Ponto dois - Oposição no campo da Educação - Há matéria e matéria relevante para se fazer muita e boa oposição. Oposição no campo da Educação. Exigir explicações a um ministro tíbio pelos resultados obtidos nos exames. Pelo abandono escolar que ainda existe. Pela indisciplina que reina nas escolas. Pela burocracia que se instalou e reforçou no Sistema Educativo. Pela instabilidade emocional do corpo docente. A sua saúde física e mental está em causa.
A falta de alunos no sistema público é cada vez mais arrasante e a falta de juventude nos professores paralisante. Hoje a classe docente é velha, está desgastada e completamente desmotivada. As medidas para mudar este estado de coisas esbarram na austeridade de Centeno, já que o ministro pouco vale. Também aqui, nesta área, “tudo é Centeno”.
Ponto dois - Oposição no campo da Saúde - Um caso sério para quem está doente e que precise de uma consulta de especialidade ou de uma cirurgia a tempo e a horas. A demagogia e a irresponsabilidade das 35 horas vieram complicar o já complicado SNS. Hoje, na Saúde existem mais recursos financeiros aplicados (diz o governo) e pior serviço prestado aos doentes (dizem os utentes). As lutas ideológicas pelo controlo total do sector da Saúde e pela ADSE estão a contaminar esta importantíssima área da governação e da vida das pessoas.
Convém recordar as 2600 mortes que ocorreram em 2018 por espera de consulta ou de cirurgia. Convém lembrar as maternidades enceradas por falta de anestesistas, de obstetras e de outros especialistas. Convém reflectir naquele recém-nascido que se finou por não haver incubadora no hospital de Faro e teve que ser transferido de urgência para o hospital Amadora-Sintra. Convém meditar no SNS como serviço público de saúde e que passa por cativações verdadeiramente desumanas e inacreditáveis para um país da União Europeia. Convém retirar a carga ideológica ao SNS para o tornar num verdadeiro serviço público de saúde, eficiente, inovador e humano.
Ponto três - Oposição no campo dos Incêndios - Uma vergonha e uma calamidade nacional. Depois de tantos anúncios e de tantas medidas, algumas raivosas contra os proprietários, a floresta portuguesa bateu o recorde europeu em matéria de área ardida. Não há nada a fazer para combater tanta treta, tanto “primo” e tanto passa culpas, quando o necessário era agir com qualidade e envolvimento competente. Os incêndios são um dos grandes falhanços de um governo que fez da floresta uma área fulcral no combate político contra o eucalipto, apresentando como argumento de peso que o país teria a maior reflorestação desde o tempo do rei D, Dinis como dizia o ministro Capoulas. No final, tudo na mesma. Até o emblemático Pinhal de Leiria está ao abandono, o que contraria os propósitos e a prosápia do dr. Costa.
Autor: Armindo Oliveira