twitter

Ponto por ponto

Como era bom e bonito ver e sentir a democracia a funcionar em pleno. Em liberdade e com seriedade. Com respeito pelos direitos e garantias dos cidadãos e pela dignidade das instituições. Com ética e com muita responsabilidade. Com transparência e com verdade. Sim, verdade, rigor e autoridade do Estado. A verdadeira autoridade, para que esse Estado seja, efectivamente um exemplo de boas práticas e uma instituição de bem e sem amnésias. Com políticos credíveis e com partidos só incomodados com o bem comum. Com um funcionalismo público ciente das suas atribuições e imune aos pecados da corrupção, do compadrio e do nepotismo. Com um governo desatado das algemas das traficâncias de influência, das participações económicas em negócios, das mentiras e das absurdas interpretações literais das leis. Tudo claro como água. Sem poluição dos lobbies e do maléfico amiguismo. Dos favores e do deixa-andar. Das habilidades e das palermices de querer tratar as pessoas como mentecaptos. Esta era a tal democracia pintada de Abril que todos aspiramos. Mas, já não acreditamos!

Ponto um – Ainda o caso das “golas combustíveis”. Mais um problema. Um problema sério (?) e estupidificado. Mais um lamentável caso da política nacional. Não há emenda e não há vergonha. Disparate em cima de disparate. Como é possível, 45 anos de democracia e com tantos erros cometidos e acumulados e estas coisas tristes ainda acontecerem neste país? Como é possível haver “gente importante” que se envolve nestas bagunceadas, sabendo que, mais dia menos dia, tudo se descobre e tudo se sabe?! Será por ingenuidade? Não. Por patetices? Também não. Só pode ser por má formação cívica, por má consciência moral e por ambições desmedidas em mentes deformadas que usam estes procedimentos anti-éticos para se aproveitarem das fragilidades e das “tolerâncias” de um sistema minado por corrupção e por conluios.

Ponto dois – São estes escroques que vão destruindo lentamente os valores da democracia, tornando-a num pântano, como dizia, em tempos, António Guterres. É a inevitável endogamia socialista pronta para favorecer os seus pares. Alapam-se ao poder como se esse poder fosse deles. E só deles. “Os jobs for de boys”, marca de longa data do PS, derrotado e bem derrotado em 2015, faz-se sentir inexoravelmente. Imagine o leitor se este partido tivesse ganho ou maioria absoluta! Imagine! Como seriam as suas práticas? Está o leitor a ver o que está a acontecer, no momento? Portanto, é preciso cuidado com este partido de “esquerda”, porque não é confiável e porque é o partido dos “boys”. O seu passado de nebulosidades e de bancarrotas fala por si.

São, contudo, estas condutas esguias que desviam os eleitores das vivências democráticas. Isto já não é admissível neste tempo. Quais serão, no final, os resultados lógicos da acção destes políticos sem senso e sem verticalidade? A abstenção eleitoral é uma realidade que se agiganta; o alheamento pela coisa pública instala-se; a credibilidade dos políticos fasquia-se por patamares ínfimos; os partidos militam pela mediocridade; a sociedade definha e a democracia degenera em partidocracia. Sejam políticos sérios. Ainda vão a tempo.

Ponto três – É preciso mexer e remexer com os cidadãos para ninguém se deixar iludir com promessas e com compromissos debitados pelos “velhos políticos”, que já foram tudo e mais alguma coisa e voltam nestes momentos de grande frenesim eleitoral. É preciso despertar a consciência desta gente que vai votando ainda para não se deixar levar na pandeireta por meia dúzia de tostões que garbosamente nos introduzem na carteira já coçada. É preciso dizer não a esta cambada que se consome em “governar” o nosso dinheiro, as nossas ansiedades e as nossas aspirações. É preciso sacudir quem nos amola a alma e nos destrói os sonhos. Um país maravilhoso, vivendo sempre no fio da navalha e sem futuro definido, não é mais aceitável.

Ponto quatro – A corrupção está bem viva e com metástases asfixiantes no seio da sociedade portuguesa com predominância para os socialistas, os novos donos disto tudo. Os tratamentos para esta epidemia têm sido ineficazes, devido à falta de vontade política para degolar este fenómeno logo à nascença e ao estado depauperado das resistências cívicas que vão permitindo a natural assimilação destes casos ocorridos nas principais instituições do Estado como acontecimentos normais. Como cura, temos um povo que se habituou a não reagir a nada e muito menos a estes comportamentos degradantes que infectam pela miolo a democracia nacional. “Não é nada comigo e não vale a pena me chatear” são argumentos de peso usados para tudo ficar rigorosamente na mesma. É o que tem acontecido. É o que vai acontecer agora e sempre. Conclusão triste, não é?! Mas, é verdade! Somos assim: mansos e tansos.

Destaque

A abstenção eleitoral é uma realidade que se agiganta; o alheamento pela coisa pública instala-se; a credibilidade dos políticos fasquia-se por patamares ínfimos; os partidos militam pela mediocridade; a sociedade definha e a democracia degenera em partidocracia. Sejam políticos sérios. Ainda vão a tempo.


Autor: Armindo Oliveira
DM

DM

11 agosto 2019