É curioso! Muito curioso, mesmo! A comunicação social nacional (CS), adestrada e temerosa e os habituais comentadores televisivos avençados ficaram mudos e quedos, perante o desaire eleitoral do Syriza. Num silêncio ensurdecedor. Nada de admirar! É normal, num país que funciona com infundados complexos e manias de esquerda. A CS não deu, portanto, importância nenhuma ao derrube do gigante de pés de barro. Os tais comentadores também não. Não deram importância ao desaire, pela via eleitoral, daquela criatura insalubre, supostamente corajosa e desafiadora da ordem económica e financeira, que aproveitou as circunstâncias degradantes de um tempo de crise para ascender ao poder num país de onda socialista que entrara, entretanto, em colapso total. A dupla Tsipras e Varoufaquis ia enfrentar e afrontar a “ronha e a sanha” dos poderosos alemães e dos credores, numa primeira fase, para tornar a Europa mais justa, mais solidária e mais igual a seguir. A brincadeira ficou-lhes cara e durou pouco tempo, como era de esperar. Resgate em cima de resgate, até ao terceiro, foi o resultado conseguido com as lutas extremistas.
Mas, o espectáculo foi formidável. Muita encenação e muito fait-divers proporcionado pelos nossos incansáveis extremistas do Bloco de Esquerda que se juntaram ao coro Syriza e não perdiam pitada dos afrontamentos, incitando os gregos à desordem política. Lembram-se da novela Varoufaquis na sua moto?! Lembram-se das manifestações de júbilo dos bloquistas?! Lembram-se dos sermões de Francisco Louçã? Lembram-se dos cenários construídos a posteriori? Os extremistas nacionais acreditaram que Merkel iria cair aos pés da força grega. Só cenários e brincadeiras, claro, porque o mundo real têm outras cores e outras curvas.
Ponto um – O espectáculo convidava e o guião era escaldante. Os personagens principais predispuseram-se a participar bem no enredo. Os extremista nacionais rejubilavam com o Adamastor grego e não perdiam oportunidade para passar a nova narrativa de uma arrogância inaudita típica dos fracos e dos tesos. Até mandou uma “embaixada solidária” a Atenas, liderada por Marisa Matias. Ao bluff grego, respondia, calma e serenamente, o governo alemão (Merkel e Schauble) com mais medidas de austeridade e com mais apertos. Tsypras, garroteado até às goelas e os gregos desnorteados, não vacilava e prometia sacudir os mercados e ameaçando os credores com o “não pagamos”. À boa maneira de Pedro Nuno Santos, esse esquerdista socialista que se arrogava de fazer tremer os credores e os bancos alemães cá no rectângulo. Mas, era só treta, claro!
Ponto dois – E agora? Onde estão os prosélitos de tão arrojada empreitada? Onde estão os mensageiros da boa nova? Onde estão aqueles vendedores da banha da cobra que punham tudo e mais alguma coisa em causa? Onde estão os defensores da renegociação da dívida pública, das causas, do investimento público e da precariedade laboral? Onde estão os que iriam ajoelhar os credores? Acomodaram-se ao poder? Devem estar em tratamento figadal pelos sapos que engoliram nesta legislatura. E não foram poucos.
Ponto três – A irresponsabilidade anda de mão-dada com a estupidez e com o sectarismo. A insensatez faz bem companhia à demagogia. É neste emaranhado de “altos valores” típicos de uma linha esquerdista, politicamente correcto, que os extremistas nacionais mostram agora os dentes cariados a tresandar a oportunismo, a impotência e a muito silêncio. Esta gente, está provado, não pode mandar, nem interferir na gestão do país, porque o caos está a dois passos. É, por isso, que esta governação estagnada e sem hipóteses de aspirar a padrões de desenvolvimento semelhantes ao que se passa nos dezasseis países da nossa igualha que crescem muito mais do que nós, nos levará cada mais para a cauda da Europa. Sem investimento privado e sem alívio fiscal, para as empresas e para as famílias, a economia não se desenvolve. Com mais despesa pública, com mais empréstimos, com os serviços públicos nas ruas da amargura e com a demografia a deteriorar-se a falência não andará longe.
Ponto quatro – Este exemplo vindo agora da Grécia, diz bem o que aconteceria e acontecerá se um dia os bloquistas e comunistas tomarem conta do poder. O aviso está dado: não queiramos voltar a trilhar os caminhos do Resgate Financeiro e da balbúrdia económica. Além disso, basta consultar os anais da historia recente dos países que foram subjugados pela ideologia comunista, regime caracterizado pela opressão, pela perseguição e pela miséria material e humana para sentir os traumas desta política autoritária e castradora da liberdade Não queiramos!
Autor: Armindo Oliveira
Ponto por ponto
DM
28 julho 2019