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Ponto por ponto

A militância partidária tem uma visão vesga da vida política e consequentemente da sociedade civil, como não poderia deixar de ser. Enfunam-se nas suas próprias “ideologias” e convivem mal com as suas contradições. São intransigentes com todos aqueles que pensam de forma diferente. Então, a militância da esquerda, e da esquerda extremista, supera todos os patamares da vesgueira, porque se julga a única e legítima herdeira do 25A, a dona das causa democráticas e a reserva moral do sistema. E a gente, do outro lado da barricada e pacificamente, tem que aturar esta narrativa sempre muito mal encavacada e apelidada do pior.

Ponto um - O caso “Coutinho” em Viana do Castelo é um desses itens intransigentes que convém chutar para o lado. Os extremistas, sempre atentos e diligentes na defesa dos desprotegidos, meteram a viola ao saco e já não cantam grandoladas como era habitual.

Este imbróglio foi urdido por Sócrates, o célebre Secretário de Estado do governo de António Guterres, para a área do Ambiente. À sombra do programa “inovador” Polis, de duvidosa eficácia na correcção dos disparates urbanos cometidos pelos autarcas e para mostrar bom serviço ao chefe e também avançada sensibilidade ambiental, embirrou com o prédio “Coutinho” como muito bem poderia guiar as birras para as Torres das Amoreiras em Lisboa ou para a tralha construtiva da Quarteira no Algarve. Mas, virou bem para norte.

O polémico socialista, a contas com a Justiça, no processo “Marquês”, quis meter o bedelho numa construção habitacional legalmente licenciada e até bem conservada pelos moradores.

O prédio destoa na paisagem urbana?! É verdade que destoa. Foi um disparate! Sim! Que culpa têm os moradores de terem comprado os seus apartamentos e de usarem a sua privilegiada situação citadina, diante do rio, e com uma paisagem deslumbrante ?

O caso “Coutinho”, com mais de vinte anos de chatices, é um fenómeno paranóico dos socialistas que, na falta de melhores ideias e de respeito pela propriedade privada, avançaram de forma prepotente, e à custa do dinheiro dos outros, contra o sossego dos pacatos cidadãos que tiveram a lucidez e o capital suficiente para adquirir uma fracção habitacional nos idos de 1973.

Ponto dois - Não haverá mais mamarrachos por este país fora a precisarem de camartelo? Não cometeram os autarcas do regime os mais descarados atentados urbanísticos nas suas edilidades e de forma praticamente impune?

Citemos o disparate que se ergue no Campo da Vinha, mesmo ao nosso lado, e que desafia a história bimilenar de Braga e o bom gosto de uma urbe construída com inteligência por homens de visão. É, sem dúvida, um engulho estético para a sensibilidade de todos aqueles que têm olhos na cara e sentido da racionalidade.

Porque não avançam os socialistas bracarenses com uma petição política, frontal e determinada, para repor o que era equilibrado e harmonioso naquela ampla praça? O mesmo poderia acontecer com a “arena” do Galécia em Maximinos? Do estádio da Pedreira, devorador de recursos financeiros, nem é bom falar, porque se enquadra numa história de contornos esguios e de megalomanias difíceis de explicar. Tantos disparates que se cometeram nesta cidade ao longo do consulado mesquitista e que teve a complacência de muita e boa gente que carimbava o boletim de voto com a cruzinha no lugar certo, batia palmas e rasgava os maiores encómios a tão alta figura do poder local, por conveniência, por bajulice ou mesmo por medo.

Ponto três - Voltemos ao caso “ Coutinho”. A sociedade VianaPolis ultrapassou todos os limites das suas competências ao cortar a energia, a água e o gás, fazendo reféns nas suas próprias casas, uma dezena de irredutíveis moradores que não cederam às arbitrariedades e à chantagem de uma empresa que só actua quando tem as costas quentes. É triste acompanhar este processo desumano e abusivo, em que puseram em risco a saúde e a vida dessas pessoas que não se amedrontaram, perante a intransigência de uma “sociedade política” não eleita.

Tudo se passa numa altura de carência habitacional e de grandes constrangimentos financeiros. Quem vai, no final, pagar esta ofensiva desencadeada pela VianaPolis? Os números apontam para 35 milhões! É muito dinheiro só para destruir! Depois de destruído (?) construir-se-á o mercado municipal! Como é possível acontecer um caso deste num país pobretanas?!

Ponto quatro - Em jeito de remate: Não seria cultural e arquitectonicamente emblemático preservar o prédio “Coutinho” para servir de testemunho e um símbolo, vivo e presente, dos disparates cometidos pelos nossos versáteis autarcas?


Autor: Armindo Oliveira
DM

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13 julho 2019