A morte de cinco portugueses em Angola mexeu bastante comigo. Os telejornais deram as notícias destas mortes, quase escondidas. Como se fossem coisa de nenhuma importância nacional. Os jornais passaram ao lado. Não quiseram saber de tratar destes crimes como deveria ser. Até dá a ideia que esses homens eram bandidos que estavam em Angola só com o propósito de explorar os pobres angolanos. Ou será um caso de racismo? Ou de banditismo puro?
Lembrei-me de imediato dos acontecimentos passados ainda recentemente no Bairro da Jamaica, no concelho do Seixal, que suscitou um onda gigantesca de protestos, desencadeada pelos extremistas do Bloco de Esquerda, não para resolver o problema, mas com a ideia subjacente de provocar o enxovalho das forças policiais que actuaram na zona do conflito.
Ponto um - O que se passou em Angola, se se tivesse passado em Portugal com pessoas das minorias étnicas, de certeza que haveria um chinfrim danado. Vinham logo os extremistas do Bloco de Esquerda e de outras facções similares, bem organizados nas redes sociais e suficientemente barulhentos na rua e nos espaços políticos exigir responsabilidades, melhor dizendo, condenações, usando os safados argumentos da cartilha esquerdista de racistas, xenófobos, fascistas e outros epítetos bem sonantes. Se fosse em Portugal, os telejornais abriam com reportagens apuradas e bombásticas. Os jornais analisavam tudo ao pormenor, descobrindo factos e histórias inimagináveis. Os repórteres fotográficos batiam chapas de todos de ângulos e com todos os zoom’s à procura de coisa nenhuma. Até o presidente da República se associava à “festa”. A verdade dos acontecimentos pouca ou nada interessava. O que interessava era denegrir a autoridade do Estado e proteger potenciais marginais.
Ponto dois - Fui um “guerrilheiro colonialista” em Moçambique nos idos de 72-74. Estive dois anos desterrado nas densas matas de Cabo Delgado, mais propriamente em Pundanhar, aldeia entre Palma e Nangade. Tive a sorte de conhecer algumas cidades moçambicanas. Digo cidades e não bairros de palhotas feitas de matope. Conheci a magnífica Lourenço Marques, a promissora Beira, a encantadora Nacala com as suas belíssimas praias. Conheci Porto Amélia e a fabulosa Ilha de Moçambique. Conheci vilas e aldeias, onde o espírito obreiro e inovador dos “colonialistas” proporcionaram um desenvolvimento acentuado na agricultura, na indústria, no turismo e no comércio. Além de tudo, “os colonialistas” deixaram-lhes um território arrumado, coeso e sem os tribalismos sanguinários que os caracterizava. Moçambique e Angola, por exemplo, eram grandes países com um futuro grandioso à sua espera. Formavam com a Rodésia e a África do Sul o espaço sócio-económico mais desenvolvido de África. Esta é a verdade. Hoje, Moçambique é um dos países mais pobres do mundo. Quem diria?! Uma vergonha!
Ponto três - Fico estarrecido, quando leio artigos em jornais nacionais a culpar os portugueses pelas calamidades que se passam nas suas ex-colónias. O disparate chega a tal ponto de sugerir que o colonizado deveria pedir indemnizações avultadas ao colonizador pelos danos causados durante o período colonial. Quem deveria pedir indemnizações eram os “colonialistas” que deixaram lá os seus bens, as suas esperanças, os seus sonhos, os seus familiares mortos em cemitérios que hoje estão em completo abandono. Não fosse a “descolonização exemplar”, em todos os territórios do Ultramar, a vida desses povos era bem diferente e para melhor.
Ponto quatro - Seria engraçado, hoje, pedirmos indemnizações aos “colonialistas” Romanos que dominaram a Península Ibérica durante alguns séculos. Seria mesmo engraçado.
O que se passa de verdade, é que, hoje tentamos recuperar, preservar e conservar as ruínas romanas como fonte de riqueza patrimonial, turística, económica e histórica. Os contributos que recebemos deste povo conquistador são inestimáveis. A língua, o Direito Romano na Justiça, as vias de comunicação, os conhecimentos técnicos na engenharia, na indústria da olaria, na recolha de sal, na conservação do pescado e em tantos outras actividades económicas.
Ponto cinco - Os povos das ex-colónias deveriam estar agradecidos pela herança gratuita que receberam e pelo grau de desenvolvimento que lhes proporcionamos.
É evidente que houve erros e excessos pontuais na forma como se tratavam os “indígenas”. E hoje não há excessos entre eles? Não há fome? Os Direitos do Homem não são tábua rasa? Conflitos bélicos não existem? E a corrupção e o nepotismo não são a sua marca d’água? Para onde vão agora as suas enormíssimas riquezas naturais? Tanta miséria escusada!
Autor: Armindo Oliveira