Estamos na Semana Santa. Além das vivências sacras que se vivem na cidade com intensidade e religiosidade, a Semana Santa também é um grande momento de reflexão que deveria exigir a cada um de nós uma tomada de consciência mais assumida referente à matriz cultural que nos une e uma atitude mais libertadora de preconceitos e de ideologias castradoras da dignidade humana. A Semana Santa tem um forte impacto na cidade de Braga, onde se cumprem tradições centenárias muito vividas e sentidas pelos bracarenses e por milhares de forasteiros que ocorrem às solenidades. A Semana Santa fecha no domingo com o dia de Páscoa, a apoteose da quadra.
Ponto um - Páscoa significa, em poucas palavras, o dia da libertação do povo hebreu do cativeiro egípcio. Hoje, continua a significar “libertação” noutro contexto, com outro toque e com outra ênfase, pois comemora-se o momento sublime da ressurreição de Cristo. Esta importantíssima e incontornável figura histórica e humana, com origem divina para os crentes, afirmou todo o seu poder no resgate de um povo que andou e anda ainda à deriva num mar revolto de incompreensões, em que os valores e os princípios ensinados e praticados por Ele próprio, Jesus de Nazaré, são constantemente desprezados ou alterados por meras conveniências grupais. Um das causas que as ideologias fracturantes fazem questão de se arvorarem como pioneiros ou defensores intransigentes é o enormíssimo problema que ataca a demografia nacional que se prende com despenalização, por motivos fúteis, do aborto. Esta política irresponsável está já a causar danos irreparáveis no tecido social português.
Ponto dois - Causa impressão e desconforto suficiente saber-se que Portugal dentro de duas décadas pode perder cerca de três milhões de habitantes. Número assustador que deveria provocar uma reflexão apurada e aprofundada desta realidade que é tratada pelos políticos da esquerda como uma medida moderna na libertação da mulher. Se lhe juntarmos a debandada dos nossos jovens para o estrangeiro à procura de condições de vida que aqui neste país não têm e nem terão com estes políticos no poder, o assunto torna-se dramático e sem possibilidades de ser revertido. Sem uma política efectiva de família, com as condições económicas e financeiras que existem neste país e com políticos desqualificados e recauchutados que dominam há décadas os órgãos do poder, não vamos a sítio nenhum.
Ponto três - Momento de reflexão - Fase relevante da conduta humana que nos predispõe a discernir com ponderação acerca do caminho que foi iniciado. Este exercício requer uma tomada de consciência congruente e cuidada para retirar os escolhos que, porventura, possam impedir com razoabilidade a prossecução da caminhada que encetamos nesta vida. Momento que nos permite repensar as situações mais complicadas para se resolveram problemas instalados ou cristalizados. A demografia é um problema gravíssimo de sustentabilidade social e económica.
Nunca este mundo teve tantas possibilidades e tantas condições para se viver bem e com dignidade. Viver em paz e em harmonia. Viver com presente e com futuro. Com respeito pela dignidade dos outros e com tolerância pelas ideias de cada um, em que o valor da vida tenha um significado, de facto, intocável e valorativo em todas as suas vertentes. Não vale a pena fingir que não há forças partidárias neste país que se dispuseram a corroer a saúde de algumas instituições fundamentais de uma sociedade democrática, colocando entraves e disfunções que fazem perigar o equilíbrio social e a própria existência, a longo prazo, de um país. Refiro-me concretamente ao desfazer metódico e cínico da instituição familiar. Pode-se argumentar com as mais subtis prosápias que as pretensas e demagógicas “igualdades”, causas tão queridas de ideologias fracturantes, são conquistas do homem livre e de modelos sociais arrojados e modernos. Nem o homem é livre, nem são modelos sociais modernos. São modelos que visam adestrar o homem da sua natureza racional, emotiva e gregária.
Ponto quatro - Ética, moral, respeito pela individualidade das pessoas, mensagem evangélica são pedregulhos na engrenagem das correntes ideológicas extremistas. Em Portugal há gente desta.
O caso muito badalado do país, o “familygate” é um bom exemplo da falta de ética e da falta de respeito pelos cidadãos que atinge este governo. Como não há vergonha, e quando se perde a vergonha não há mais nada a perder, convém fazer uma “leizinha” para regular estes procedimentos imorais e iludir as pessoas que agora isto vai funcionar como deve ser. Querem resumir a vida das pessoas a leis, quando leis já existem para todos os gostos e feitios.
Desejo a todos os leitores do Diário do Minho uma Santa Páscoa.
Autor: Armindo Oliveira
Ponto por ponto
DM
21 abril 2019