Sou beneficiário da ADSE. Pago para este sub-sistema de saúde 3,5% do meu salário. Todos os beneficiários pagam esta taxa, independentemente do salário que auferem. Quer isto dizer que os que ganham mais, pagam mais e, logicamente, os que menos ganham, menos pagam. Princípio razoável, justo, positivamente democrático e solidário.
Ponto um - No dia 07 de Março deste ano, dirigi-me ao Hospital Privado, na Rua do Raio para marcar um consulta de urologia. Lá, na sala de recepção, ampla e bem acomodada, com vários jornais à disposição para uma leitura fugaz e com pessoal na retaguarda de apoio ao cliente, retirei a senha necessária para efectuar a respectiva marcação de consulta. Um minuto depois, fui atendido no balcão por uma funcionária bem simpática e diligente. Disse-lhe que queria marcar uma consulta para o dr. Pedro Carvalho (nome fictício) e, depois da funcionária pesquisar no seu computador, respondeu-me que tinha vaga para esse médico no dia tal e tal e tal. Isto é, colocou-me três e hipóteses de consulta e todas no mais curto espaço de tempo. Escolhi, por conveniência, o dia 14 de Março e à hora que desejei.
Ponto dois - Um utente do SNS - Serviço Nacional de Saúde. Dirige-se ao Centro de Saúde da sua zona de residência e quer marcar uma consulta de especialidade, seja de urologia, seja de cardiologia ou de outra qualquer. Primeiro, o utente tem que ser visto pelo médico de família que irá verificar se há necessidade ou não dessa consulta. Se houver necessidade, a consulta será marcada para duzentos, trezentos ou mais dias depois. Se o médico entender que não há necessidade, nada feito.
Ponto três - O beneficiário da ADSE paga 3,99 euros pela consulta. Sem exames, claro. O utente do SNS paga 4,50 euros. O beneficiário da ADSE tem a prerrogativa de escolher o médico, o dia e a hora da consulta e num espaço de tempo muito curto. Ou seja, no prazo máximo de quatro ou cinco dias tem consulta marcada pela certa. O utente do SNS não escolhe o médico, não escolhe o dia e muito menos a hora. Democraticamente, vai engrossar a pesada lista de espera.
Ponto quatro - Perante esta realidade - de eficiência, de bom atendimento e de custos mais ou menos reduzidos, não percebo o ataque abjecto que as tais forças inorgânicas extremistas têm desencadeado contra a ADSE, colocando em causa todo este sub-sistema de saúde que tem prestado um serviço de qualidade, de relevância e do mais completo agrado dos beneficiários.
Só pode ser motivado pela política barata das igualdades ou por uma tremenda dor de cotovelo.
Ponto cinco - Por outro lado, o SNS não responde às necessidades dos utentes, é moroso no atendimento, é ineficaz no serviço que presta e é um grande devorador de recursos financeiros. Mesmo assim, encontra-se, neste momento, numa grave situação de ruptura financeira, apesar do esforço brioso dos seus profissionais para conduzir o SNS a bom porto.
Ponto seis - É inaceitável esperar no SNS por uma consulta de especialidade largos meses ou até anos. Não seria pertinente conferir ao SNS a eficiência que existe na ADSE? Não seria mais razoável pensar-se “destruir” todo um sistema paralisado e anacrónico como o que existe no SNS e transformá-lo num sistema dinâmico, eficiente e célere como acontece com a ADSE?
Ponto sete - O Estado gasta com o SNS mais de 10 mil milhões de euros por ano. Se dividirmos esta exorbitância por 10 milhões de habitantes que existem neste país, o quociente apresenta-nos o número de 1000 euros por cada um. E com 1000 euros em carteira, pode fazer-se um bom seguro de saúde. Daqui poder concluir-se que o SNS em relação ao custo e à qualidade de serviço que presta, está a desperdiçar muito dinheiro e inutilmente.
Ponto oito - Se o Estado “exigisse” a cada utente do SNS 3,5% do seu salário como acontece com os beneficiários da ADSE e o mesmo Estado suportasse a taxa a quem, efectivamente, não tem condições financeiras para pagar, de certeza que o SNS estaria mais saudável, com outra eficiência e pouparia muito dinheiro. É só fazer contas.
É claro que este ponto de vista colide com as ideias carunchosas dos extremistas de esquerda que armando-se em ser os únicos defensores da bandeira rota e esburacada do SNS, preferem pensar à “pobre” de espírito do que ver a realidade de um mundo mais confortável e mais digno.
Autor: Armindo Oliveira