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Ponto por ponto

No mundo da gestão pública, gerir bem e como deve ser o dinheiro dos contribuintes exige muita prudência, visão estratégica e noção da realidade. Sim, noção da realidade. É isto que faltou à Câmara Municipal de Braga ao longo dos tempos socialistas. Se tivesse havido essa noção da realidade não se teriam cometido os erros colossais que imprudentemente se cometeram. O resultado desta acção irresponsável está bem patente na situação financeira deprimente dos cofres camarários, onde os problemas por resolver são mais do que muitos e complicados, no abandono da piscina olímpica, nos custos do Estádio da Pedreira, no arranjo (desarranjo) do Campo da Vinha, na configuração geométrica da cidade nova, etc, etc, etc. Conduzir uma e qualquer “empreitada” a bom porto não é para todos, pois gerir com rigor e com consequência implica muita responsabilidade, sentido de Estado e seriedade a cem por cento. Ponto um – Os erros “intencionais”, o democrático e conivente compadrio, o facilitismo e a politiquice barata são os venenos letais para a degradação do poder local e para a quebra de uma relação de confiança entre município e munícipes. Há erros que se cometem por infantilidade, por impreparação e também, agora, por mera avidez, como o caso que quero referir neste trabalho, em que o objectivo é conseguir receitas a qualquer preço e a toda a pressa. Este receituário, mal ponderado, pode ter consequências pouca vantajosas e significativas para o desenvolvimento sustentado de uma urbe no tocante ao turismo. Vem isto a propósito de algumas medidas tomadas pelo executivo de Ricardo Rio que me parecem desajustadas deste tempo supostamente de “vacas gordas”. Ponto dois – A taxa turística. No meu ponto de vista, avançar com esta medida é um erro de análise, de percepção e de economia. Pensam os ideólogos da Câmara Municipal que arrecadar 800 mil euros (?) em 2020 atenuará os grandes problemas financeiros que existem nas empresas municipais e nos serviços camarários e que impulsionará, pela positiva, a dinâmica turística na cidade e no concelho. Até parece uma receita extraordinária aparentemente “bem gorda” e adquirida sem custos e sem trabalho. A pergunta, entretanto, coloca-se com pertinência: Será que a taxa turística atrairá mais turistas? Ou terá efeito contrário? O que está acontecer no Porto com os jovens turistas que estão a evitar lá pernoitar dá que pensar. E quando se fala em jovens é sabido que mais tarde os efeitos negativos chegarão. E depois é só lamentar! Ponto três – Ao que parece, a taxa é uma receita fácil de se obter, mas pode tornar-se um fiasco a médio e a longo prazo. Avisos já foram dados por profissionais com larga experiência no ramo do turismo bracarense, defendendo que a iniciativa e a aplicação imediata da taxa é um erro, porque Braga ainda não atingiu o estatuto de destino turístico por excelência. Neste momento, a cidade é tida como um bom local excursionista. E nada mais. Há, de facto, uma diferença abismal entre turista e excursionista. Esta diferença não é entendida pela “inteligência” camarária que nesta matéria pensa mais nos euros e a curto prazo. Ponto quatro – A moda das cidades nacionais (Porto, Lisboa e agora Sintra) é cobrar taxas e cada vez mais altas. E Braga alinhou por esta onda, quando o desejável seria marcar a diferença. É pela diferença que se conquista o turista. É pela diferença que se marca posição. É pela diferença que Braga tem que se afirmar. Braga tem, de facto, potencial para atrair muitos visitantes. Boa situação geográfica, história e monumentalidade, tradições e eventos religiosos de nomeada, um povo sereno e uma cidade aprazível. Não queira a autarquia, com taxas pouco criativas degolar a galinha dos ovos de ouro. Ponto cinco – Ainda há muito que fazer na cidade para a tornar numa verdadeira referência turística. É preciso continuar a reabilitação do edificado. É preciso repovoar o centro histórico com gente e não com esplanadas e mais esplanadas. É preciso reavivar e vigiar o rio Este. É inadmissível as contínuas descarga de efluentes para esta linha de água. É preciso revitalizar e reflorestar, de verdade, e por quem sabe o Monte Picoto. É preciso dar a esta elevação a importância que tem como miradouro privilegiado da cidade e como área ambiental de relevância no lazer. É preciso olhar para a sua segurança e por quem por lá deambula. Ponto seis – Parque das Sete Fontes. Sempre nas primeiras páginas. Tem havido muita conversa, muita tinta e muita vontade (?) de se fazer o parque. Mas, nada se faz! Uma coisa é certa: é imprescindível a salvaguarda deste património aquífero, ambiental e monumental. Será que Ricardo Rio vai ser o autarca capaz de o construir e de encerrar este processo já com barbas brancas? Tenho as minhas dúvidas. Promessa eleitoral existe e seis anos de mandato também.
Autor: Armindo Oliveira
DM

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10 março 2019