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Ponto por ponto

Não é a política que faz um candidato virar ladrão. É o teu voto que faz um ladrão virar político.” - autor desconhecido

Ponto um - Este ano os portugueses vão confrontar-se com três actos eleitorais. Em 26 de Maio realizar-se-á a eleição para o Parlamento Europeu, cuja abstenção tem atingido percentagens extraordinariamente elevadas. Também é uma eleição com pouca motivação cívica e é vista ainda como um bom carrossel para proporcionar um tacho requintado aos amigos e aos boys. Serve em última instância para escorraçar para bem longe os opositores mais chatos à ortodoxia da oligarquia partidária ou para esmagar a potencial concorrência como aconteceu, ao que parece, a Francisco Assis do PS. A segunda eleição de carácter regional é a 22 de Setembro com os madeirenses a votarem para as legislativas autonómicas, o mesmo acontecendo com os açorianos. O ano eleitoral termina a 06 de Outubro com a votação para a Assembleia da República que definirá, à partida, a formação partidária que ascenderá à governação para o quadriénio 2019-2023. Por isso, o ano de 2019 vai ser de festa para os partidos, com os políticos a debitar o cardápio de promessas não cumpridas, cardápio que voltará a ser servido aos cidadãos, agora, com outros requintes e desfaçatez. A caça ao voto é uma realidade incontornável e inevitável.

Ponto dois - O frenesim eleitoral é próprio da democracia nacional e é vital para a festa do regime que vai engalanando este jogo de promessas, de mentiras, de embustes e de manhas, sempre alimentado com memórias curtas e com interesses incompreensíveis e ambíguos. Tudo se vai desenrolar com naturalidade democrática, em que a abstenção, os votos nulos e brancos não tem qualquer significado para os partidos que recusam fazer a necessária reflexão, exaustiva e profunda, a este fenómeno, para apurar as enfermidades e as negações que sofre a instituição democrática. Os partidos não querem mesmo saber da abstenção para nada e o eleitor tem culpa no cartório pelo estado de descrédito que atinge a classe política e os partidos, uma vez que exerce o seu dever cívico de votar com inconsciência e ligeireza selectiva. É necessário escolher os melhores ou os mais incapazes. Os que estão interessados no país ou os que estão virados para o amiguismo. Os mais sérios ou os mais irresponsáveis. Convém ao eleitor não se deixar iludir com as tretas de “direita malévola e de esquerda generosa”. Esta visão maniqueísta não faz sentido neste tempo em que a esquerda foi literalmente cilindrada em toda a Europa.

O voto deveria ser o ponto alto da cidadania política. O voto tem que ser uma manifestação consciente, inteligente e amadurecida em que o cidadão eleitor tem à sua mão a capacidade de excluir os arranjistas e a oligarquia instalada, onde prolifera os amigos e os favores, as influências e o nepotismo.

Ponto três - Perante o cenário político actual, no mínimo caricato, incoerente e incompreensível, com os extremistas do PCP e do BE no Parlamento a comportarem-se mansos e cordatos e nas televisões a mostrarem raiva e azedume contra o governo minoritário do dr. Costa, o país continua a trilhar a senda da propaganda barata e do embuste em relação aos grandes feitos do milagreiro Centeno, perdendo-se a grande oportunidade de consolidar as contas públicas e de arrancar para crescimentos económicos sustentados, com a concorrência de outros países da nossa igualha que já nos ultrapassaram no rendimento per capita e no desenvolvimento social. Estes mesmos países ainda há bem pouco tempo estavam garroteados pela ditadura comunista.

Ponto quatro - Quem vai votar no dr. Costa nas eleições que se vão realizar durante o ano de 2019? Os enfermeiros? Os professores? Os magistrados? Os militares? As polícias? A administração pública? Os trabalhadores do privado que auferem o salário mínimo? Os utentes do SNS que esperam longos meses por uma consulta de especialidade? Os pais e os amigos das crianças da Ala Pediátrica do Hospital de S. João? Os utilizadores de viatura própria a serem metralhados com mais impostos nos combustíveis? As crianças e jovens de uma Escola burocrática, demasiado estatizada e ineficaz? As famílias das dezenas de mortos dos fogos de Pedrógão e das Beiras? As famílias dos incêndios em Monchique? Todos aqueles que querem um país tranquilo e que se espantam com o roubo das armas em Tancos? Os empreendedores do Alojamento Local? Os lesados da bancarrota socialista? E os lesados das comissões bancárias? Todos os cidadãos que se fartaram e fartam de tanta vilanagem e da vergonhosa corrupção que tem atingido a elite política nacional?

Afinal, quem vai mesmo votar nas ilusões do irritante dr. Costa? Boa pergunta, não é?!


Autor: Armindo Oliveira
DM

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3 março 2019