A cidade e a sua história merecem todas as preocupações dos autarcas, quando no exercício efectivo e consciente das suas funções. A responsabilidade de gerir a vida e os destinos dos bracarenses é demasiado importante e incontornável para o sossego de um eleito, cujo trabalho é estar ao serviço exclusivo da comunidade e não ao serviço de interesses pessoais ou grupais.
Ponto um - Neste contexto, uns breves conselhos, se me permitem. Aos autarcas que geriram a cidade no passado recente, seria justo e pertinente que fizessem uma reflexão pública, apurada e séria, para avaliar, à distância, a valia do seu desempenho. Era um acto inovador e pedagógico vê-los a fazer essa avaliação e a tomarem consciência das boas e das más decisões.
A Câmara Municipal foi gerida durante anos demais pelos mesmos vultos e pelas mesmas cabeças e houve decisões pouco acertadas que comprometeram irremediavelmente o desenho citadino e o seu desenvolvimento sustentado. É fácil de comprovar esta argumentação com dados objectivos. Eles estão por todo o lado até para testemunhar os equívocos que aconteceram nesta bela e antiga cidade.
Aos autarcas actuais, aconselha-se prudência, agilidade mental e capacidade de decisão para responder com prontidão e sabedoria aos problemas que vão surgindo no dia-a-dia e tentar remediar os disparates cometidos nesse passado muito ligado ao tijolo e ao cimento. Sem dúvida, o passado precisa de ser reflectido com profundidade, para que as portas do futuro se abram desempenadas e bem oleadas.
Uma democracia responsável e madura não deveria permitir que houvesse "esqueletos nos armários" ou outras situações menos claras que só denigrem os eleitos que se comprometeram a defender o interesse público.
Ponto dois - A cidade perdeu o Campo da Vinha para sempre. A "praça maior" da cidade foi desfigurada e esventrada por interesses que pouco tiveram a ver com a colectividade. O que lá está, bem sólido, é um monte de tralha, com um mamarracho como sentinela. Lojas e mais lojas, do lado do belíssimo edifício do Lar Conde de Agrolongo, forrado com uma parede obstrutiva de uma paisagem arquitectónica equilibrada e a penetrar num falso túnel que não leva a sítio nenhum.
De uma praça plana e elegante, passou-se a ter uma "coisa" sem jeito e sem gosto. Uma lástima! Convém não esquecer que antes do disparate cometido, o Campo da Vinha era aproveitado para aparcamento, com rentabilidade económica assegurada, e tinha um frondoso arvoredo que lhe dava um toque de frescura, de calma e de embelezamento.
Ponto três – A Avenida Central deu lugar a uma "majestosa" eira de côdea granítica com pouco gosto e menos tino. Tornou-se num espaço ideal para montar gaiolas e mais gaiolas como tem acontecido nos últimos tempos. Com tanta modernice a orientar o projecto, construiu-se uma fonte de repuxos que não passa de um tanque redondo com uma sucata ao léu, enferrujada, muitas vezes sem água, que causa tristeza a quem passa.
O lugar merecia um fontanário de estilo barroco, do género do que estava antes, para se enquadrar no belo espaço histórico da Arcada e da zona verde que lhe está contígua. Um pouco mais adiante, dois tanques também com tubagem à mostra e enferrujada dão a mesma nota de tristeza a quem tem a veleidade de os contemplar.
Ponto quatro - Os parques de estacionamento subterrâneos construídos para resolver(?) a escassez de aparcamento de viaturas à superfície deterioraram, pela certa, a qualidade do ar do centro citadino. Era razoável e, talvez, exigível que a CMBraga monitorasse diariamente, com exposição dos resultados, num painel e em local público e bem visível para todos, a qualidade do ar que se respira na Avenida Central e no Campo da Vinha.
Aquelas "bocarras" extractoras que existem nos locais referidos, quando funcionam, e funcionam muitas vezes, enviam para o exterior quantidades enormíssimas de ar tóxico que prejudicam a saúde das pessoas. Ou não será assim?
Autor: Armindo Oliveira