“Osocialismo, como as velhas ideias de onde dimana, confunde a distinção entre o governo e sociedade. Como resultado disso, cada vez que nos opomos a algo que o governo queira fazer, os socialistas concluem que estamos fazendo oposição”. Frederico Bastiat – economista e jornalista francês (1801-1850)
Ponto um – Oposição política. Uma necessidade e uma exigência democrática. Uma realidade à espera do poder. Uma espera que pode ser trabalhada ou pode ser motivada pelo natural desgaste de quem governa. Em todo o caso, é melhor que seja uma oposição trabalhada, claro. Assim, dá-se sinal ao eleitorado que houve, ao longo do exercício, uma tomada de consciência amadurecida; é sinal que se promoveram contactos com todos os sectores activos do país e é sinal ainda que se está preparado para assumir responsabilidades na gestão, quando para isso for chamada para desempenhar funções governativas. Há todas as vantagens para o PSD, como vencedor em 2015 e como oposição, e para o país que este trabalho seja feito e bem feito.
Ponto dois – No momento, a oposição está fragilizada, depois daquela vitória categórica de Passos Coelho sobre o dr. Costa, “o gabarola”. A democracia tem destas coisas, infelizmente. Rui Rio, agora líder do PSD, parece que anda a brincar às políticas do faz-de-conta ou faz que não percebe que tem imensas possibilidades de derrotar o dr. Costa. Mas, perante o cenário presente e pelo desenrolar dos acontecimentos, talvez me incline mais para o caracterizar como um desadaptado na liderança do partido, pelos disparates que diz, pelas graçolas que pretende dizer, pela obscuridade do seu discurso e pela incoerência da sua estratégia que revelam falta de estaleca para fazer uma oposição frontal, inteligente e implacável. Sim, tem que ser implacável na defesa dos interesses do país. Rui Rio, no entanto, penso que vale mais do que parece valer.
Motivos para fazer esta oposição firme existem. Nesta matéria, o dr. Costa tem sido muito generoso. Ou será que Rui Rio não entende os sinais que lhe chegam em catadupa ou tem medo que o acusem de usar o chavão do “oportunismo político”, argumento muito enraizado e veiculado pelas hostes socialistas, quando as dificuldades os atingem e os corroem?
Ponto três – Penso que Rui Rio tem um medo pavoroso ao dr. Costa. Em vez de o incomodar, como lhe compete, pela incompetência que tem demonstrado na gestão dos serviços públicos que estão à sua guarda e em contínua degradação por falta de investimento e por todas as situações escandalosas que têm acontecido, e não são poucas, presta-lhe reverência e esconde-se num argumentário fraco, germanizado e, completamente, inconsequente. Assim, neste enfoque oposicionista, pode levar, para mal da democracia, da solidez das instituições e da economia do país, uma tremenda banhada eleitoral que o colocará nas páginas do esquecimento e cognominado como um líder falhado e das oportunidades perdidas.
Ponto quatro – Matéria para fazer oposição não falta. Os incêndios de 2017, com 116 mortos, não chegaram sequer para chamuscar a arrogância e o cinismo do Governo: “não me faça rir a esta hora da manhã” – dizia o dr. Costa a despropósito. Esse mesmo personagem deu-se ao desplante de sair do país para gozar férias. Simplesmente inaceitável! Só não houve consequências políticas, porque a oposição foi frouxa e permissiva.
O roubo de Tancos, uma vergonha nacional e um escândalo internacional, passou-lhe completamente ao lado: “não fui informado” – dizia ele com o cinismo que o bem caracteriza. O papel ridículo feito pelos militares em parceria com o “cómico” ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes, também ajudou a compor o ramalhete.
Até o “doa a quem doer” que nunca chegou a sair das palavras de Sua Excelência o Presidente da República, adornou ainda mais o surrealismo nacional. O caso da derrocada da E.M. 255 (ex-E.N.255) em Borba foi mais uma “tacada” na displicência do dr. Costa: “não sabia de nada” - afirmava o jacobino com cabal indiferença. Aliás, nunca sabe de nada.
Ponto cinco – Não falta sequer um ano para a eleição legislativa. Temos um país em greve. A Saúde um desastre. A Educação idem aspas. A Justiça em desnorte. O investimento público inexistente. A economia começa a dar sinais de estagnação. A dívida pública nominal a aumentar. Uma carga fiscal insuportável. O preço dos combustíveis e o custo da energia são castradores para uma economia moderna. Olhemos para a França que tem sido um bom exemplo de contestação.
E o tempo urge, sr. Rui Rio. Faça o seu trabalho como líder da oposição. Una e pacifique o partido e os resultados aparecerão, pela certa. Ainda há gente valiosa no partido e os portugueses estão cansados da política do embuste e dos fingimentos. Além disso, o dr. Costa é um tremendo bluff como dizia com toda a clareza António José Seguro. E eu estou nessa!
Autor: Armindo Oliveira
Ponto por ponto

DM
2 dezembro 2018