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Ponto por ponto

A cidade velha e as suas gentes. Aquela cidade que, durante séculos, brilhou no noroeste peninsular pelas vias terrestres que daqui partiam para todo o lado, pela cultura, pela espiritualidade. Importante no império romano, capital dos Suevos, afirmativa na religiosidade.

Cidade vetusta, ainda deslumbra o visitante pela sua história e pela monumentalidade dos seus edifícios. Receptiva pela simpatia das suas gentes. Gente, cada vez menos no casco urbano, é verdade, mas, nem por isso, menos viva e simpática.

Cidade laboriosamente construída em colinas acolchoadas pelos montes da Falperra e pela montanha sagrada do Sameiro. O Picoto altaneiro, ali ao fundo, presta-lhe a devida vassalagem. O soberbo Bom Jesus mostra-lhe a sua grandeza luxuriante e a escadaria monumental causa-lhe arrepios. O rio Este, aquele fio de água, vai passando escondido, talvez envergonhado e pesaroso, pelas malfeitorias dos seus guardiães.

Ponto um - Uma bizarria para este tempo novo? Talvez, mais incompreensível! Derrapagem na reabilitação do edifício do Altice Fórum Braga. É disto que se trata. Aconteceu, mas não deveria acontecer. E não é coisa pouca. Só são 1,8 milhões de euros. Grande borrasca que se acomoda numa percentagem vistosa. Como foi possível?! Não entendo.

Não entendo estas derrapagens neste tempo novo e com este presidente de Câmara. Um economista de formação, um quadro valioso do PSD e, nos tempos velhos, um fervoroso crítico, e ainda bem, da gestão desastrada “mesquitista”. Autarca lúcido que se batia pelo rigor e contra os esqueletos no armário. Não lhe fica bem permitir que as contas descambem. É inaceitável! Será que voltamos ao mesmo do antigamente? Não me parece e também não creio.

Algumas questões que se colocam, contudo, carregadas de dúvidas. Tem havido a devida planificação, exigência e amadurecimento das ideias para as contas baterem certas? Ou será o calha a sua metodologia? Não pode ser. Apurem-se responsabilidades da derrapagem e actue-se em conformidade. É exigível uma boa gestão do dinheiro dos contribuintes. Só isso e nada mais.

Ponto dois - E se for esta a gestão em exercício, é claro que não há dinheiro para uma auto-escada. Um equipamento básico para se prestar um serviço eficaz no combate a incêndios urbanos. Eles acontecem e é preciso actuar no imediato. Não se pode esperar por uma auto-escada que vem de longe. Pode ser tarde. É surreal que a terceira cidade do país não tenha esta ferramenta indispensável em qualquer unidade de Bombeiros que estejam sediados numa cidade. O incêndio da Rua do Carvalhal poderia causar uma tragédia de grandes proporções. E por falta de uma auto-escada. Incrível, não é?!

Ponto três - Visitemos agora o Ecoparque das Sete Fontes. Está num impasse. A CMBraga quer os terrenos dados ou meio dados. Seria bom, mas não pode ser. A proposta de 10 euros o metro quadrado é irrisória e inconsequente. A este preço, vai ser difícil negociar amigavelmente. Avançar para a expropriação será um acto completamente fora do contexto actual. A CMBraga tem que abrir os cordões à bolsa. Tem que pagar o justo. Avocar o interesse público não é um argumento plausível e decente. É preciso negociar para não se fincar nos tais dez da CMBraga nem nos oitenta do outro lado. É preciso encontrar uma solução justa e definitiva.

A cidade precisa deste parque. Precisa de um pulmão verde e de preservar a obra de engenharia hidráulica que lá existe, construída por ordem do arcebispo D. José de Bragança no século XVIII. Precisa de conservar os seus aquíferos intactos e a sua história. A promessa tem que ser cumprida, sr. Ricardo Rio! Seja um pagador de promessas. Lute por isso. Fica-lhe bem.

Ponto quatro - Cinco anos e alguns meses em funções. Eis o tempo de Ricardo Rio à frente da edilidade. Em termos de obras físicas, já existem algumas para se mostrar. Obras novas não estão agendadas e, penso, que será esta a estratégia do executivo camarário. O tempo não é de endividamento. O tempo é de pagamento e de saldar dividas. Por isso, anda tudo à volta de requalificações. Estratégia correcta. Estas obras eram necessárias, sem dúvida.

O Campo da Rodovia ficou um “brinquinho” e muito funcional. Um lugar procurado e muito concorrido pelos bracarenses. Óptimo investimento. O Altice Fórum Braga, centro de negócios e de contactos da região norte, com condições excelentes para a realização de congressos, espectáculos, feiras e outros eventos para o desenvolvimento da cidade, da região e do país é uma realidade. Uma boa aposta na vertente cultural e económica.

A pousada da Juventude, obra em execução. É um equipamento importante para a interacção dos jovens. É preciso pensar neles. Mercado Municipal, obra, ao que se julga saber, está embargada por reclamação de um dos concorrentes. Aguarda-se que o caso seja resolvido em breve. As obras no exterior já arrancaram. Depois de tudo feito, os bracarenses poderão contar com um equipamento comercial moderno e bem central. É preciso dar outra vida àquela área.

E assim vai a cidade velha entrelaçada numa cidade nova com pouca graça e bem cimentada.


Autor: Armindo Oliveira
DM

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11 novembro 2018