“Muitos odeiam a tirania apenas para que possam estabelecer a sua”. Platão, filósofo e matemático da Grécia Antiga (século V (AC)
Ponto um - Os amigos do dr. Costa. Os familiares dos amigos do dr. Costa. O grupo de salvados socráticos, em que o dr. Costa era o número dois. Esta é a equipa que surripiou o governo de Portugal a quem o ganhou. Apropriou-se também da gestão de todas as instituições do Estado. Coisa inédita para um regime que se diz transparente e para um partido que não soube perder eleitoralmente. Amigos, boys e correligionários, todos juntos, uma clientela fixe, na asfixia do país. E a borga é para continuar. No final, uma versão recauchutada e ínvia do desastre de 2005 a 2011. Versão agora assessorada por estalinistas e por trotskistas que alinham demais e se afirmam de menos. Uma parceria inconfundível. Porém, com a mesma arrogância e com as mesmas narrativas. Com um cinismo mais refinado, mas com o mesmo desplante. Gente sem memória, de passado tagarelado e construtor (?) de um futuro sem futuro.
Ponto dois - Os portugueses gostam de catar as migalhas de pão que vão caindo do repasto da oligarquia e de apreciar um bom circo. Com muitos aplausos ao chefe e com um ruído ensurdecedor pelo festim. À boa maneira romana. Herança cultural confrangedora que aprisiona a mente e castra o desejo de se desbravar outros horizontes. Memória curta e demasiado complacente para aturar tamanhos desaforos e disparates. Contentamo-nos com pouco e aguentamos muito.
Um povo “manso e tanso” que não quer perceber a teia que os aprisiona. Não reage à indignação e à humilhação que o subjugou durante seis longos anos de um governo socialista. Sempre os socialistas na ribalta dos insucessos. Bastaram somente quatro anos e esquecemos os personagens do “Circo Bancarrota” que esvaziou as esperanças aos portugueses e causou danos tremendos no futuro deste país. Já esquecemos o frenesim que se abateu nos corredores de um poder que se esboroava inexoravelmente. Como foi possível? Não percebo! E será possível compreender que os mesmos de ontem, “os tais”, estejam no poder, hoje? Só neste país, com este povo e com estes políticos desmemoriados.
Ponto três - Os brasileiros votaram. Votaram no fascista, no racista, no xenófobo, no misógino do Bolsonaro? Não. Claramente! As dezenas de milhão de brasileiros que votaram e elegeram este extremista têm memória. E a questão é mesmo esta: ter memória bem fresca. Ter consciência da roubalheira, da corrupção, do clientelismo, da impunidade que se praticava neste imenso país a coberto de uma ideologia embusteira e mentirosa. E quem tem memória sente até na alma as maldades cometidas por gente que se arrogava de ser a defensora dos pobres e dos marginalizados. Os brasileiros votaram. Votaram em consciência contra o PT - partido dos trabalhadores. Contra os abusos, contra a bandidagem e contra a insegurança. Os brasileiros quiseram romper com o passado recente. Rejeitaram a venezuelização do seu país.
Ponto quatro - Alguma “elite intelectual nacional” incomodou-se com Jair Bolsonaro, porque tem medo desta maioria. Manifestou-se. Meteu a foice em seara alheia. Deu espectáculo com tomadas de posição caricatas e ridículas. Pouco imaginativa e demasiado colada a ideologias totalitárias e corruptas. Mostrou a sua cegueira e a sua parcialidade. Sinalizou o seu radicalismo e a sua pouca valia neste país. Mas perdeu. É isso que nós temos cá. Gente intolerante, derrotada e discriminatória. Com esta elite estamos feitos. O país não anda. Emperra e crispa.
Vi a intelectualidade a tomar posição a favor da ditadura de Maduro na Venezuela através de artigos de opinião: os sociólogos de Coimbra. Perante o drama gigantesco da Venezuela, a elite não tem coragem para denunciar os abusos, as perseguições, a miséria, a fome que grassa nesse país. São coniventes com os crimes da ditadura bolivariana. Calam-se perante a tragédia da fuga em massa dos venezuelanos para os países vizinhos. Ah! A culpa só pode ser do Trump.
Triste elite intelectual que temos!
Nota de rodapé - O sindicalista da Frenprof, Mário Nogueira foi abandonado pelo seu partido -PCP - e pelo líder da sua central sindical - CGTP -, Arménio Carlos, na luta justa dos professores pela contagem integral do tempo de serviço congelado. Os trotskistas do BE fizeram-lhe a mesma coisa. Nogueira tornou-se no elo fraco, descartável, um bom peão e só se agiganta, quando acobertado pelos senis do partido estalinista. O dr. Costa, habilidoso, espezinhou o sindicalista até às entranhas e fez ajoelhar aos seus pés Jerónimo e Catarina. Estes não são nada, mas sobrevivem alimentados pela hipocrisia, pelo fingimento e pela anacronia discursiva.
Autor: Armindo Oliveira
Ponto por ponto

DM
4 novembro 2018