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Ponto por ponto

Averdade (natural) é como o azeite. Vem sempre ao de cima” – assim se expressa o povo na sua sabedoria. É consensual que o provérbio encerra, sob o ponto de vista popular, uma validação irrefutável e para quem já comeu carradas de rasas de sal, como antigamente se dizia, a sua aceitação é plena. É esta verdade objectiva, consubstanciada em realidades do quotidiano (retiradas, evidentemente, as discussões teóricas no campo da filosofia e da antropologia), que pretendo destacar neste “Ponto por ponto”. Vem isto a propósito de atitudes, de actos, de palavras, de ideias que os políticos nacionais, muitas vezes, nos brindam para nossa incompreensão e espanto. De um lado, as incoerências sempre presentes nos homens do poder que, em discursos sectários, tentam, de todos os modos, escamotear de um público avesso à informação o acesso à verdade objectiva. Este mesmo público, acrítico e passivo, permite o engano e a mentira com toda a ligeireza. Do outro lado, a desfaçatez com que negam o óbvio, remendando com alinhavos puídos todo um discurso sofisticado construído numa base de meias palavras, de meias verdades e com muita encenação Quando apanhados com a boca na botija, desaparecem de cena por uns tempos, até que o tempo apague ou dilua o embaraço ou as asneiras cometidas. E quando chegam de novo aos palcos do confronto político dizem com todo a desfaçatez do mundo que isso é “assunto arrumado”. Esta é a táctica usada por alguns políticos neste país. E tem resultado em cheio. Mário Centeno é bem a imagem fiel desta postura ambígua e esguia com as cativações e com a não divulgação polémica da lista dos devedores da CGD, entre outros casos que vão engrossando as páginas das calendas gregas, ou seja, inscritas no mundo do nada. Ponto um – O incontornável Mário Centeno. Finalmente, caiu-lhe a máscara de reputado especialista financeiro que lhe dava competência, se bem que abusiva, para minorar ou desprezar as políticas de rigor e de coragem que tinham sido levadas a cabo pelos seus antecessores no resgate do país. A verdade veio ao de cima. Tinha que vir ao de cima. As afirmações proferidas, aquando a “saída limpa” da Grécia foram capitais para a postura pouco séria e digna do actual ministro das Finanças. O vídeo, de facto, é categórico. Não suscita duvidas ou interpretações ambulantes a ninguém. Tudo clarinho como água. As suas palavras saem com naturalidade. Sem gaguejos e sem rodeios. Afirmações bem pensadas, contudo, e bem trabalhadas nos bastidores. Com discurso preparado em parceria e com o aval, por certo, do dr. Costa. Limitou-se a cair no ridículo para ira dos radicais e para benefício da verdade. Ponto dois – Mário Centeno passou sorrateiramente um atestado de competência, impresso em letras garrafais, a Passos Coelho e ao seu governo. Por motivos de baixa política e de exigências sectárias, nunca teve coragem de assumir o bom desempenho do governo anterior na bancarrota provocada pelos socialistas. Muitos, quase todos desses socialistas da bancarrota, incluindo o dr. Costa, fazem parte deste governo. Coisa inacreditável! Mas é verdade. Quem diria?! Centeno tentou durante a vigência deste governo desvalorizar, a todo o tempo, o feito conseguido por Passos Coelho. Agora, disse-o através da “saída limpa” da Grécia. Enalteceu o trabalho de Tsipras, mas esqueceu-se de dar os parabéns a Passos Coelho, associado a um pedido de desculpas ao povo português. Demonstrou ser um governante ocasional de pouco estofo, mas com manhosice suficiente. Teve, claramente, um bom mestre nesta “arte”. Ponto três – Os radicais do PS, os trotskistas e os estalinistas estão irados e não gostaram da confissão de Centeno. Essa gente esquerdista não gosta da verdade. Não gosta do pluralismo. Não gosta da liberdade de opinião e de expressão. Gosta da miséria venezuelana de Maduro e das perseguições de Ortega na Nicarágua. Apoia o regime militarista e despótico da Coreia do Norte. É isto que querem implantar neste país: miséria, perseguição, gulagues e despotismo. Dá-me riso, quando os estalinistas e trotsquistas afirmam que querem fazer parte do governo. Ponto quatro – No fim, essa gente só tem treta e treta carunchosa que já nem meninos enganam. Na primeira oportunidade comportam-se como neo-liberais, especuladores e aproveitadores. Centeno é um neo-liberal; Robles é um especulador imobiliário; Catarina Martins explora quatro unidades de Alojamento Local; António Filipe, combatente feroz da rede de saúde privada, é frequentador dos seus serviços; João Galamba usa uma casa do Estado para férias de forma indevida. E são estas as criaturas do anti-capital, do anti-privado e das igualdades! Grande descaramento e incoerência a rodos! Este é o retrato da esquerda nacional. Lamentável!
Autor: Armindo Oliveira
DM

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16 setembro 2018