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Ponto por ponto

O tempo das experiências governativas quixotescas está a esgotar-se. Para quem está atento ao desenrolar dos acontecimentos que se vão passando entre-portas e a nível externo, verifica que este esgotamento é visível e bem sentido. Só não vê esta realidade quem não quer. E há gente que não quer. Entretanto, os sinais são sérios e evidentes. Revelam preocupação e deveriam exigir medidas assertivas para se contornar o caminho do fim da linha como já é habitual no país. Pontuaremos estes sinais de alerta para passar um olhar crítico à situação nacional.

Ponto um - A União Europeia começa a exigir ao governo português um plano de reformas credível, que possa provocar e sustentar avanços na economia e reduzir a despesa pública. Os extremistas não permitem que tal coisa aconteça. Apostam tudo no público, quando o público não tem dinheiro nem para fazer cantar um cego. Concentremo-nos na opinião avalizada de Daniel Bessa, ex-ministro de Guterres e de Vital Moreira ex-deputado europeu, entre outros nomes badalados da política nacional. Estes personagens políticos referem e defendem que o “bom momento” da economia, vangloriado pelo dr.Costa, se deve às medidas rigorosas tomadas pelo governo anterior e não a este governo que se limitou a ir à boleia da conjuntura económica internacional. O mérito é todo do governo de Passos Coelho. Penso o mesmo, sem duvida!

Ponto dois - O BCE - Banco Central Europeu - já avisou que vai deixar de comprar dívida soberana e também de intervir na política de juros baixos. Isto quer dizer que os juros negativos ou a rondar os zero por cento vai ser passado, o que implica um maior esforço por parte das pessoas que estão endividadas. E como a dívida das famílias e das pessoas é elevadíssima, o caso merece muita cautela e muito rigor nas contas de cada um. Por outro lado, sem as rotativas do BCE a imprimir milhares de milhões de euros mensalmente, o governo, sem estes empréstimos, vai ter que subir mais os impostos e cortar no tal “Estado Social”. Se não fosse a política das cativações incrementada por Centeno, o país já tinha dado o berro há muito tempo.

Ponto três - Os juros vão subir sem remissão. Com juros mais caros, o dinheiro ficará mais escasso nos bolsos dos portugueses. É óbvio, não é?! Nos Estados Unidos, a taxa de juro já se encontra nos dois por cento. É tudo uma questão de tempo até que esta subida se verifique na Europa. Depois e com tantos créditos que as pessoas têm às suas costas ou fazem austeridade e rapam em todas as despesas ou vão choramingar para a DECO como aconteceu no passado recente. Não estou a ver os portugueses endividados a fazerem este esforço financeiro, uma vez que já tiveram uma oportunidade para aprenderem a navegar nas ondas dos ciclos económicos e não quiseram responder com eficiência à situação de “vacas gordas”.

Ponto quatro - Tomamos, mensalmente, consciência que a dívida pública sobe sem parar. A subir na ordem dos mil e duzentos e cinquenta milhões de euros mensais. Sabemos que as famílias e as pessoas estão debilitadas nas suas finanças e com a subida dos juros vão aumentar os encargos com a casa e com o consumo. No sector produtivo, as empresas estão descapitalizadas e num ciclo económico de menor crescimento na Europa, nosso principal cliente, terão que mais competitivos e procurar novos mercados e novas performances para poderem escoar os produtos nacionais.

Ponto cinco - O dr. Costa criou expectativas elevadas aos portugueses. O fim da austeridade amplamente divulgada por todo o país, a reversão das reformas da Troika, a reposição dos salários, o descongelamento das carreiras aos funcionários públicos e a redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais vão aumentar significativamente a despesa pública que será incomportável a curto prazo. Se se acrescentar a estes indicadores o arrefecimento da economia nacional, prevêem-se dificuldades acrescidas para os portugueses. Por isso, o cenário económico e financeiro deveria merecer um cuidado atento e rigoroso para não se cair na mesma armadilha de 2011. Mas, com estes governantes, o desastre parece eminente.

Ponto seis - Houve gente que achou muita piada ao governo das “esquerdas”. Engoliu a ilusão do fim da austeridade, das reversões e das reposições. Como foi possível não perceber as fragilidades de um país muito dependente de factores externos e das ajudas da União Europeia?!Esta gente pensa que estas coisas de governar um país é para brincar ou que se insere numa mera diversão partidária ou coligativa. Governar é coisa séria e implica arrojo e muita visão. Não é para todos. O país não se governa com manhocises ou com um debitar de ilusões em contínuo. E é notório que o dr. Costa não tem jeito para esta coisa de governar.


Autor: Armindo Oliveira
DM

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30 junho 2018