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Ponto por ponto

Portugal é um dos países europeus que vive normalmente no fio da navalha. Não consegue libertar-se daqueles tiques característicos dos países pobres. Ou seja, a economia “faz de conta que anda, mas não anda”; nos insucessos, culpa os outros; propala aos quatro ventos que distribuiu, mas não tem onde cair morto; quando tem uns cêntimos, espalha com propaganda essa maquia por todos os cantos e esquinas e esboça cenários miraculosos, quando está no abismo. Estes “dispositivos” estão em linha com a realidade de um país estagnado desde a década de noventa com Guterres como primeiro-ministro. Esta é a verdade. Sem tirar nem pôr.

O artigo no Expresso do prof. Cavaco Silva, há dias, é muito claro e retrata bem a realidade nacional. Está lá tudo: os culpados, a qualidade da oposição, as soluções. Sem novidade. Surpresa só para aqueles que andam a dormir no mundo da ideologia autoritária. O fraco crescimento económico do país, associado a governos socialistas anti-reformas com a aplicação de todo o tipo de “fait divers” de viragens das inúmeras páginas da austeridade, dá nisto.

Ponto um - O país anda sempre com as calças na mão e de bolsos esburacados, apesar do dinheirinho dos frugais que chega cá graciosa e desalmadamente aos milhares de milhões de euros para se continuar a embustear o povo. O estado social, em coma induzido, agrava-se e reflecte a situação de dependência e de empobrecimento que assentou arraiais por aqui. Mesmo com estas exorbitâncias nos cofres de um Estado incompetente e tagarela, as boas oportunidades esfumam-se por incapacidade de quem ousa estar ao leme de uma “nau” demasiado pesada e cada vez mais onerosa. Estes timoneiros, mal preparados e muito pândegos, não têm sido capazes de ler bem os portulanos, de garantir a estabilidade do barco e de agarrar o rumo com tranquilidade. Resta-nos “acreditar” na triste sina sebastianista de um dia aparecer o tal timoneiro (génio nebuloso) que consiga resolver a desordem económica praticamente insanável desta nau eternamente à deriva e metodicamente mal comandada.

Ponto dois - Governa-se este país como um quintal úbere, mas mal amanhado em que os jornaleiros se juntam à paródia. Perdeu-se o brio pelo país e o respeito pelas pessoas. Abandalha-se as instituições com nomeações ideológicas e vilipendia-se a História. A memória desapareceu destas mentes doentias e os modelos de conduta social são pouco abonatórios. Governa-se usando o amesquinhamento como arma para denegrir a oposição. Abre-se a boca com sorrisos triunfantes, quando os resultados sofríveis são descaradamente mascarados. Governa-se com irritantes na agenda e agora o timoneiro entrou na órbita das irritações parlamentares e no desespero. O “comandante supremo” da nação farta-se de supervisionar a governação com comentários a propósito e a despropósito e com recados e recadinhos que se perdem no adágio popular que diz: “quem muito pragueja, no fim, nada fica que se veja”.

Ponto três - Será que Portugal se encontra mesmo em situação de declínio em relação à Europa? Estará condenado, “ad eternum”, a permanecer nos lugares da cauda no tocante ao desenvolvimento social? Ou, pelo contrário, com outra gente nos comandos teria fortes possibilidades de contornar os problemas de pobreza, de desigualdades, das dívidas, da estagnação económica com que se debate há décadas? Portugal teve essa oportunidade em 2015 e perdeu-a ingloriamente. Resta-nos pedinchar à socialista. Uma indignidade!

Ponto quatro - Neste momento, todas as questões que podem colocar-se são esmagadas pela inabilidade política, pela incapacidade de gerir uma economia ainda em sufoco vinda dos tempos da bancarrota socrática e pela forma pouco sensata de se colocar a ideologia na fila da frente na resolução dos problemas sociais que existem aos molhos. Como agravante, temos o problema da demografia que impede a renovação geracional. O êxodo em massa do “sangue novo”, que procura horizontes mais arejados e mais recompensadores, aprofunda-se e é real.

O assunto da natalidade tem sido tabu, sendo bem perceptível em vastas regiões do país, em que o despovoamento e o abandono são as notas dominantes. É um assunto sério que deveria merecer um tratamento adequado e inadiável por parte dos responsáveis pelo país. Porém, essa gente tem outra consciência, uma consciência plasmada na ideologia fracturante e dos “direitos”. Por isso, recusa-se a ver que somos um país pobre e envelhecido. Subserviente e improdutivo.


Autor: Armindo Oliveira
DM

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31 outubro 2021