“Não basta fazer coisas boas. É preciso fazê-las bem”. Santo Agostinho de Hipona - Doutor da Igreja, filósofo, teólogo (354-430)
Ponto um - Vivemos numa Europa pretensa e ilusoriamente hedonista. O que conta é viver bem. Viajar muito. Gozar a vida. Sem preocupações e sempre “In”. Com boas doses de fantasias e em ambientes frenéticos. Com promessas de um futuro risonho e sem inquietações de qualquer espécie no presente. Tudo isto é maravilhoso! Colocar a fasquia da auto-satisfação nos píncaros é o ideal. Toda a gente na reinação é desejável. E há quem anuncie este cenário em cenários empolgantes! E de punho cerrado. Como se fosse verdade. E do outro lado há quem acredite.
Sacrifícios, privações, austeridade? Nem pensar. Esforço para se conseguir alguma coisa? Também não. Alinhar a vida por parâmetros de rigor? Não vale a pena, porque a vida são dois dias e agora a “bazuca” irá resolver todos os problemas.
Ponto dois - Vivemos numa Europa dos direitos. Muitos direitos para se ter tudo na mão. Cada vez mais. Sem parar. Só que a realidade crua nos diz que para haver os tais Direitos tem que haver recursos financeiros. Também recursos naturais e estes são limitados. Estão em exaustão. A dívida não assusta. Ninguém fala nela. É assunto tabu. As moratórias também não. Daí, a questão surgir naturalmente: Para que servem os direitos numa sociedade endividada? Numa sociedade dependente? Num Estado falido? Não seria mais razoável falar-se em deveres e em obrigações nestes tempos de muita incerteza? E em responsabilidades? Não foi assim que John Kennedy falou aos americanos? “Não exijam o que o vosso país pode fazer por vós – exijam o que vós podeis fazer pelo vosso pais”.
Ponto três- O censo demográfico de 2021 é elucidativo acerca da realidade deste país. Um país de velhos e um país sem crianças. Porquê? A resposta é óbvia: políticas de natalidade erradas. Uma delas prende-se com a leviandade da liberalização do aborto. E a aprovação de políticas fracturantes que fazem vacilar os pilares sociais como a destruição metódica da família.
Outro aviso contido nos censos 2021. Estes resultados não serão suficientemente esclarecedores e arrasadores para se alterar as políticas sociais, erradas, que tornaram uma boa parte do território um deserto de vida humana? Tantos projectos, tantas manifestações de incómodos pelo estado desgraçado do Interior. Efeitos reais e visíveis? Nada e nenhuns. Aliás, tudo parece funcionar ao contrário. Quanto mais se fala no Interior, mais as pessoas fogem de lá, porque essas pessoas não querem ser tratadas como coitadinhas. As pessoas querem investimento para se criar emprego, ter boas condições de vida e terem serviços públicos de qualidade.
Ponto quatro - Em jeito de remate: Os filhos dão um trabalho danado. E despesa que se farta. Retiram o precioso tempo da folia aos pais e são uma fonte constante de preocupação. Preocupações na Saúde, na Educação, na Alimentação, nos tempos livres, no acompanhamento e cuidados que se devem ter a todo o momento. E, como ponto assente, os casais novos não estão nessa órbita, porque a vida é curta e há muito para gozar. Aliado a esta nova “filosofia” de se viver e a esta renúncia consciente de se ter filhos, o Estado não ajuda com emprego certo (?), com uma habitação condigna e com uma protecção decente à família. Daí, o descalabro geracional e termos, como consequência, um país de velhos. E sem crianças. Uma calamidade!
Autor: Armindo Oliveira
Ponto por ponto
DM
5 setembro 2021