“A democracia é apenas a substituição de alguns corruptos por muitos incompetentes”. - George Bernard Shaw - dramaturgo, romancista e jornalista irlandês - (1856-1950)
Ponto um - A democracia, na sua real aparência, é mesmo um regime do “caraças”, apesar de ser ”só a pior forma de governo, salvo todas as demais...”, como nos dizia Winston Churchill.
Em ponto convergente, a democracia lusa é muito volátil no campo da intervenção política e social; abrangente na miscelânea de ideias que se lhe alapam; permissiva na acomodação a todas as formas de “bem se instalar”, mesmo daqueles perfeitamente idiotas que fazem ecoar as suas vozes roufenhas nos palcos das demagogias dos poderes. A “democracia costista”, em funções, enferma de rigor e de visão e assentou num arranjo extremista em que as percepções, o faz-de-conta e a boyada se urdiram numa teia de embustes e de propagandas, como escreveu João Vieira Pereira no semanário Expresso, pág.2, do dia 09 de Abril.
Ponto dois - Pelos vistos, há muitas variantes de democracia pelo mundo fora. Há democracias para todos os gostos, onde a corrupção, a mentira, o favoritismo, o nepotismo se encavalitam na plenitude dentro dos poderes “conquistados” através dos votos. Sim, sempre através dos votos. É imperativo que o seja para se ter a tal dignidade democrática. Hoje, coisa surrealista e impensável, o poder cair nas mãos dos tais “incompetentes de Shaw” pelos votos de uma minoria de eleitores que ainda se dá à canseira de se deslocar às secções de voto para cumprir o seu dever cívico. Só uma minoria de votantes e os sorrisos triunfantes dos “vencedores eleitorais”, ovacionados por boys e girls, ávidos de tachos, emprestam a esta democracia lusa ainda alguma vivacidade. E muita festa.
Esta democracia não será pouco para os tempos que correm? Não será insuficiente para um país que tem a geração mais qualificada de sempre? Não será um sinal de alerta aos “homens bons” deste país para não cruzarem os braços nestes tempos de desnorte e de incompreensão? Não será uma afronta à cidadania, aos ideais e aos valores de uma democracia plena?
Ponto três - Os esquerdistas (comunistas, bloquistas e até alguns “socialistas”), os tais que estão contra a economia de mercado, que rejeitam a União Europeia e o Euro, também se arrogam em defensores deste regime. Mas sem pluralidade. Falam da “sua” democracia com enlevo e com paixão. Mas, sentir a democracia plena, tenho a certeza que a não sentem, nem a querem. Esses extremistas esquecem-se ou fazem-se de esquecidos que o Parlamento Europeu já aprovou em 2020 uma resolução que coloca “o comunismo (extremistas) e o nazismo” em pé de igualdade no que concerne aos direitos humanos por cometerem: massacres, genocídio, deportações e privação da liberdade. Actos políticos bárbaros e condenáveis praticados por estes regimes atrozes e ditatoriais.
Como é possível haver gente ainda a alinhar nestas correntes ideológicas perigosas e profundamente anti-sociais que castram a liberdade, a livre iniciativa, a capacidade de cada um escolher o seu caminho?
Ponto quatro - Ainda há bons-maus exemplos e vivos da “democracia do partido único” no mundo. Estes exemplos, nesta altura do 25 de Abril, deveriam servir, para nos rasgar a mente e para nos fazer reflectir na vida enclausurada que esses povos levaram e levam. Os exemplos ditatoriais estão à vista de todos com consequências degradantes e destruidoras para as suas gentes. Hoje, são meia dúzia. Em tempos foram muitos. Acreditaram em utopias, mas trouxeram-lhes miséria. Acreditaram na liberdade e deram-lhes perseguição e degredo. Que o digam a maior parte das nações africanas que se deixaram capturar pelas tretas do marxismo-leninismo! Que o digam alguns países asiáticos, onde se cometeram as maiores barbaridades contra o seu povo! Que o digam alguns países da América Latina, onde os castristas, sandinistas, chavistas entre outros, cometeram as maiores atrocidades! Que o diga a nossa História em1975 com o PREC, onde a anarquia comunista se instalou e com gente encapuzada a querer definir o nosso destino.
Autor: Armindo Oliveira