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Ponto por ponto

Três coisas não podem ser escondidas durante muito tempo: o sol, a lua e a verdade” Buda (Sidarta Gautama) nasceu há cerca de 2500 anos na Índia - fundou uma filosofia de vida, denominado de “Budismo”.

Ponto um - A eterna questão de se perceber ou encaixar a VERDADE na estrita dimensão humana ou jogá-la como um “coisa” manipulável em democracia. Pelos vistos, há imensas verdades. Estas variam de pendor e de alinhamento conforme os personagens, os ângulos de visão, os interesses. Conforme as modas e as políticas. A verdade ainda possui ramificações nas áreas da objectividade e da subjectividade. E não vale a pena entrar propriamente nos mundos do absoluto ou da relatividade. Como se pode depreender é muito complicado discutir e discernir acerca da verdade. A verdade democrática, a verdade partidária, a verdade ideológica são aquelas verdades que nos confrontamos no dia-a-dia e cada um pode a entender como desejar.

Ponto dois - A ideologia aquilata e certifica a qualidade da verdade. Se essa ideologia for de esquerda, a verdade adquire uma dimensão transcendental, ímpar e irrefutável que se extingue no momento em que obtém o poder e os poderes. A partir daí, a verdade deixa de ter algum significado para se subordinar ao primado ideológico. A verdade ideológica de esquerda é a verdade imposta no poder. E só essa. Configura, depois, a antítese dos valores da democracia.

Noutra abordagem, a verdade circunscreve-se à expressão liminarmente natural. Ou seja, um homem é um homem ou como se dizia na tropa: serviço é serviço, conhaque é conhaque”. Nada de confusões ou de variantes. Para os tais da verdade ideológica, os contornos, os enfoques, as aproximações ou os distanciamentos só se enquadram em padrões de índole “cultural igualitária” submetidas e subvertidas aos tempos de agora. Ou seja, um homem pode ser homem, amanhã mulher, depois outras “coisas” das novas modas ou das imposições sociológicas que nos querem impingir ou fazer acreditar. Essa, na verdade, é a tal verdade que só funciona num determinado sentido. Uma verdade enviesada e manipulada, claro. Ou melhor, a verdade que se ajusta às pretensões do “povo extremista” no poder político e em vigor.

Ponto três - Não pretendo entrar nas veredas desta discussão, porque, à luz da ideologia do politicamente correcto, ainda poderei ser embaraçado e atirado para os campos da homofobia e do negacionismo. Ou ser apelidado de retrógrado, neoliberal, sexista e com outros mimos de uma narrativa que já tresanda a mofo ditatorial. Eu sei que “esses” gostam de rotular os seus “inimigos”, aqueles que não pensam, nem agem, como eles com todo um repertório de impropérios. Não tenho dúvidas que o “politicamente correcto” quer impor um jugo à liberdade e à verdade. Também nos querem impor a ideia única, a castração da verdade e da liberdade de opinião e de expressão. Os que ousam pensar diferente podem entrar nos gulagues dos comportamentos ou nos campos de reeducação ideológica.

Ponto quatro - Um caso para reflectir. Um quadro associativo “condenado” por dizer a verdade. “Condenado” por quebrar as etiquetas dos embustes. Custa entender isto em democracia. Mas, é verdade. Elidérico Viegas, presidente da AHETA - associação de hotéis e empreendimentos turísticos do Algarve, cometeu o pecado mortal de falar verdade. A verdade acerca da compra ou da fraude dos prémios turísticos que são atribuídos a cidades, regiões ou a praias. A partir daí, as pressões foram muitas e praticamente obrigaram-no a demitir-se. A falta de solidariedade dos membros da “sua” associação foi notória e real. Por medo? Por interesses? Por rivalidade?

A lição a retirar é esta: não se pode falar ou dizer a verdade neste país. Quem a diz, pode ter muitas chatices. É conveniente, portanto, viver na inverdade, na meia-verdade, na mentira, no silêncio, no pactuar. Assim, não haverá problemas. Assim, manteremos os tachos e os “amigos”.

Ponto cinco - Para terminar uma questão: Será que o “fantástico” prémio que galardoou Braga, como melhor destino turístico europeu, também se enquadra nessa onda de compras online?


Autor: Armindo Oliveira
DM

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18 abril 2021