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Ponto por ponto

Eu sou de esquerda” – dizia-me há dias um amigo, muito garboso do seu alinhamento político, dando a entender assim, que pertencia a uma casta superior ou a uma seita privilegiada, cuja herança ideológica foi consagrada por “entidades divinas”, vinda de 1917. Esta esquerda predestinada, “ungida” para comandar o resto da plebe, sofre de arrogância, de esquizofrenia política e julga-se a patrona do Estado Social, comportamentos que desalinham com os princípios da tolerância democrática e ainda com um historial de fome, de perseguições (gulagues) e de suprimento de liberdades. “Eu sou de esquerda – e continuava o amigo – a mim ninguém me dá lições de democracia, de moral, de liberdade e de luta”. Só treta, claro!

Ponto um - É confrangedor aturar esta estultícia, redundantemente idiota, que serve para esconder a incompetência e os desmandos que esta gente comete no quotidiano, quando está no poder. É o que acontece no momento. Um país marcado pela estagnação e pelo embuste. Um país “pedinte” que se arrasta na indignidade da mão estendida. Tudo isto depois de um bom período de crescimento económico que trespassou pela Europa. E o que fez o governo nacional? Fez devoluções (?), reversões (?) e reposições (?). Uma boa estratégia, sem dúvida, para continuar e fidelizar a pobreza, fragilizar as contas públicas e adiar, claramente, o futuro.

Ponto dois - O que é isso ser de esquerda? Será uma benção redentora para resolver problemas que anestesiam o cidadão em momentos de aflição? Será que a esquerda não deveria pedir perdão pelo PREC e pelas bancarrotas que provocou à sociedade portuguesa? Essa esquerda não deveria preocupar-se, antes, com uma política assertiva de rigor e de verdade? Será que a esquerda ainda não percebeu na alhada em que o país está metido? De certeza que não.

Haverá ou não haverá austeridade? E os impostos não aumentarão ainda mais? A “bazuca” resolverá todos os problemas nacionais como o do crescimento económico, do pagamento da dívida insanável, das desigualdades e da pobreza? E o problema do emprego qualificado? E o da dignidade do Estado?

Parece-me que é preferível fazer uso da estratégia indigna da mão estendida e colocar-se a jeito perante os “frugais”. Triste sina! Causa-me embaraço ver esta posição frágil e de submissão.

Mais perguntas para quê, se a esquerda não consegue aprender nada com os erros do passado e com a realidade do presente. Nem nunca conseguirá. É demasiado vesga e sectária.

O momento actual é complicado. Porém, não será por isso que deixaremos de exigir aos governantes que pugnem por um pouco de dignidade e deixem de esmolar, de coluna dobrada e com cara de piedade. É preciso que o país se dê ao respeito para ser respeitado.

Ponto três - A esquerda nunca resolveu qualquer problema aos seus governados. Nem aqui, nem em parte nenhuma. Encapota-os, dá-lhes um pouco de “música” desafinada e adoça-os com uns pós de perlimpimpim. Esta é a realidade. Nua e crua. Se houver dinheiro nos cofres, é certo e sabido que, durante uns tempos, temos pagode com girândolas para alimentar as ilusões de um povo sempre disponível para gozar a vida. Não importa como. Se com bazucas ou com mais endividamentos. Com empréstimos ou com adiamentos das moratórias. Tudo funciona em pleno até o dinheiro acabar. Obviamente. E depois é o que se sabe: culpa-se os outros por falta de “solidariedade” e outras coisas mais. Criam-se uns artefactos para justificar o descalabro. Para ficarmos bem com o “diabo” chamamos a quem nos têm ajudado “repugnantes”. Damos, assim, a impressão, para consumo interno, que somos corajosos e frontais. Que não os tememos. Mal ficamos, quando depois lhes beijamos a mão e nos curvamos. Que figura triste a esquerda fez!

Ponto quatro - Haverá alguém de bom senso que ainda alimente a peregrina ideia e que acredite que este socialismo que domina os poderes entre na fase de recuperação económica sem aumentar a receita e cortar na despesa? Só os idiotas úteis.

Pelos vistos, a bazuca não vai resolver o problema. As fragilidades do país são muitas e não há remédios para as remendar. Estamos neste ponto crítico por culpa própria. Por culpa de um frentismo que iludiu um povo politicamente frágil e que corre ainda atrás de migalhas

O PIB caiu 16,5%, a dívida atingirá números estratosféricos, o desemprego acelera a alta velocidade. E sem dinheiro em caixa, o dr. Costa pode ter os dias contados. Com fome instalada e com desemprego em flecha tudo se complicará. A economia real não se pauta por tretas e é sabido que os parceiros europeus não estão mais dispostos a aturar os nossos desatinos.


Autor: Armindo Oliveira
DM

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18 agosto 2020