O que, é que, os portugueses querem, afinal, do seu país? Querem construir um país com um futuro sem percalços, sem crises e sem pedinchice? Querem ver o seu governo, felicíssimo e triunfante, a pedinchar na soleira dos “frugais” uns tantos milhares de milhões de euros, deixando colar nos gabinetes dos burocratas a imagem confrangedora “dos copos e das mulheres”, “da preguiça e do esbanjamento”? Querem continuar a assistir a todo um show off, metodicamente montado, para iludir todo um povo que anda perdido pelas avenidas das crises sucessivas, da pobreza e dos endividamentos? Meu Deus, como estes políticos nos levam de ginjeira!
Ponto um - A crise económica em execução em 2020 - Vai estender-se por muitos e bons anos. A crise que foi amontoada com a crise arrastada dos tempos de Guterres e aprofundada até ao limite com a bancarrota de Sócrates está rija e vai perdurar. Estas duas crises escusadas enlaçaram-se agora com a crise provocada pelo Covid-19, reforçando um notório e incompreensível enfraquecimento social que vai colocar uma boa fatia da sociedade nacional num frangalho e à mercê das dádivas que vierem da “solidariedade” de quem nos apupa sem papas na língua nos corredores dos poderes europeus. E o país sujeita-se a este vexame repetitivo, a esta indignidade, debitando, em contraponto, uma conversa enrolada e inconcebível que se encaixa bem nas mentes dos incautos. Não é preciso muita lábia para levar a água ao seu moinho. Basta distribuir umas migalhas e colocar os avençados nas linhas da frente da comunicação para anestesiar o “tuga”. Prática típica do socialismo pedinte.
Ponto dois - Um dilema insanável - Enquanto se tentarão resolver os aflitivos problemas sociais, a fome e a miséria, nos quais é preciso injectar elevados montantes de dinheiro, o país não poderá ascender e aspirar a patamares de desenvolvimento económico de forma sustentada. Em sociedades amplamente fragilizadas e sacrificadas, com uma oposição patética, com elites parasitárias e acomodadas ao poder e com uma comunicação social amansada por subsídios, a construção do tal país que foi agendado há dezenas de anos ficará eternamente adiada.
Com a vinda da bazuca, temos agora mais uma oportunidade soberana para enganar as dificuldades e tentar dar um outro andamento à economia. Tenho dúvidas que sejamos capazes de fazer boa figura. Nestes cinco anos da governação-Costa, com uma conjuntura económica altamente favorável e praticamente irrepetível, o melhor que se fez foi criar um discurso anedótico de “milagre económico”, de “exemplo a seguir” e de “decretar” o fim da austeridade. E nesta narrativa desconexa e idiota entramos em mais uma crise que provocará danos sociais traumáticos irreversíveis e fracturas culturais e económicas difíceis de remendar.
Ponto três - A crise Covid - Ainda não se faz sentir na sua total amplitude no meio social. Quando chegar, ramificar-se-á com estrondo nas mais diversas realidades. Sinais deste desnorte já se fazem sentir. O que se passou, por exemplo, com a histeria popular nos canis de Valongo, de Santo Tirso e da Vila da Feira diz bem ao ponto a que os valores e os princípios chegaram. Em 2017 morreram incinerados 116 pessoas nos incêndios e não se viram manifestações de repúdio por estas mortes trágicas, nem abaixo-assinados com 150 mil assinaturas como aconteceu agora nos territórios destes concelhos. Cães são cães e os homens pertencem a outro mundo e estão noutra dimensão. Hoje confunde-se o mundo dos cães e dos gatos com a realidade do homem.
Ponto quatro - Ainda a propósito de cães e de gatos e para terminar - Há dias uma senhora perguntou a uma jovem casada depois de um tempo sem se verem. Quantos filhos tens, Carla? Resposta imediata: tenho dois cães.
Na semana passada numa esplanada na praia da Póvoa de Varzim. Um cão rafeiro estava deitado no chão ao pé de um casal jovem. Para meu espanto, a “dona” do cão inclinou-se para o cão de braço estendido e diz-lhe delicadamente: queres vir para o colinho da mãe?!
Exemplos destes e ainda mais caricatos não faltam. Ao ponto a que esta sociedade decadente está a chegar. Será o fim da linha? Ou o cúmulo da estupidez a estar mais refinado?
A crise de valores e de princípios, associada a gente sem ética nos poderes e a uma moral bicuda vai dar cabo disto tudo, se o homem não for capaz de inverter o descalabro que se agiganta. O retrato do país: pobre e pedinte com um povo sem rumo.
A inteligência tem que se sobrepor às modas, às fracturas sociais e à corrupção. O ter e sentir vergonha dos actos que praticamos que voltem rapidamente às vivências e à mente do homem.
Autor: Armindo Oliveira