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Ponto por ponto

Tenho feito tudo, mesmo tudo, para perceber esta governação socialista. O partido reinstalou-se, pulula e domina, como nunca, a “democracia velha”. Sobreviveu ao desastre da bancarrota de 2011 e está, hoje, ao leme, por incrível que pareça. Caso insólito para um país ocidental e para um espaço sócio-cultural de primeira linha. Parece impossível como a memória se apagou da mente dos portugueses. Exemplos destes não deveriam acontecer, sem que, em primeiro lugar, os “prevaricadores” respondessem pelo atraso social e económico que causaram e pela medonha dívida pública que contraíram. Vão ser as gerações futuras que a irão suportar. Inaceitável! Numa resenha política, reconheço a minha incapacidade de perceber a estratégia, a dinâmica, as linhas orientadora e condutora do dr. Costa nesta sua segunda legislatura. E em crise. E em minoria. Com propaganda a mais, a debitar milhões para as “bentas” de todos nós. Ponto um – Não vou, neste artigo, falar dos resultados conseguidos por esta esquerda misturada de leninistas, estalinistas, trotskistas, aprendizes de extremistas e outros da mesma igualha no que diz respeito à vitalidade e à construção de um modelo coerente para o país. Isto será analisado mais tarde, sendo conveniente deixar assentar os indicadores económicos e financeiros que retratam fielmente a situação em que nos encontramos. É evidente que o item, referente ao desenvolvimento sustentado, seria o mais relevante para a governação do dr. Costa, para as pessoas e obviamente para a imagem do país. Isto não aconteceu por culpa própria. Por mais voltas que dê ao texto não consigo chegar às explicações, ao cerne do discurso optimista dos socialistas, aos sorrisos que surgiam nos rostos triunfantes dos obreiros governamentais que nos mimoseiam com ilusões e atoardas acerca da não aplicação da austeridade, de cortes salariais e de aumentos de impostos para fazer face à crise que se agiganta. Para me esclarecer, recorro sistematicamente a muitas consultas nos sites da especialidade e procuro ler e inteirar-me das produções dos mais variados comentadores políticos da praça nacional. Muitos, avençados e descarados. Fazendo fretes. Ponto dois – Eu sei que as informações chegam ao cidadão aos trambolhões e, muitas vezes, enviesadas, sejam elas impressas em papel, vindas on-line, ou ainda escutadas nos canais televisivos. Umas chegam sem tino, outras desencontradas. Umas apontam num sentido, outras desdizem, subtilmente, o que os opiniosos disseram momentos antes. E depois as “fake news” correm céleres, tomando a dianteira a todas as outras. Nesta mistura informativa ou desinformativa, o consumidor de notícias fica baralhado na arquitectura conceptual do conhecimento real das coisas ou da fundamentação de uma opinião credível. Nada é inocente nesta história da informação, pois “quem domina a informação, domina o mundo”. O imprudente, o que não tem filtros bem afinados e sucos digestivos para destruir essa informação despachada a toque de caixa, comerá tudo sem mastigar quer sejam notícias credíveis, quer sejam lixo. Neste contexto de informação-desinformação, os porta-vozes da covid-19 deram show durante longos e intermináveis dias, em condomínio fechado e num corridinho de personagens que se revezavam, tornando-se a divulgação dos resultados diários da pandemia num “espectáculo” fastidioso, deprimente e confuso. Ponto três – A comunicação Social, de um modo geral, com maior incidência para a imprensa escrita (jornais) e televisiva estão numa encruzilhada de dificuldades financeiras, de leitores e de vendas do seu produto que se viu na contingência de pedir socorro ao Estado para sobreviver. É claro que esta “dependência”, indesejável e insensata, retira-lhe o grau de imparcialidade e de isenção que é democraticamente estatutário e exigível. “Quem pode, manda” – diz o povo e com razão. No entanto, melhor seria citar Manuela Ferreira Leite a este propósito. “ Quem paga, manda” Daí, se perceber, à margem dos valores democráticos, o especial favor do governo na atribuição de 15 milhões de euros para dar um alento transitório (controlar) a uns tantos jornalistas profissionais e a uns comentadores avençados que enchem as páginas dos jornais e os ecrãs televisivos de assuntos amorfos ou de encómios encapotados a quem lhes deu a maquia. Também é perceptível a exclusão de alguns “empecilhos” da comunicação social que mexiam muito com a coisa e da moleza de outros nas suas intervenções políticas e nas suas análises banais de assuntos económico-financeiros. Como ponto final, refiro o unanimismo, a complacência e o bico calado que é o caldo ideal para uma governação tosca numa democracia bicuda e com horizontes canhestros.
Autor: Armindo Oliveira
DM

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15 junho 2020