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Ponto por ponto

Portugal tem no momento dois problemas muito complexos para resolver. Repito, para resolver e não deixar arrastá-los no tempo, envolvê-los nas ilusões e plasmá-los nas fantasias: a crise sanitária e a crise económico-social. Tanto uma como a outra requerem dos governantes ou dos decisores, não habilidade costista, mas uma atitude sagaz, determinada e corajosa. A crise sanitária, ao que parece, “controlou-se” pelo medo e não pelas medidas tomadas. Estas foram mais propagandeadas e vistosas que eficazes. A crise económica, coisa séria, como é fácil de verificar, perdeu o pé da sustentabilidade (?) e encontra-se em roda livre, esperando-se ansiosamente pelas benesses financeiras da União Europeia e pelo dinheiro do BCE. (Certamente não virão à borla). Com os recursos do país, é garantido que, não seria, nem será possível a recuperação, uma vez que a governação do dr. Costa não foi previdente, criteriosa e competente nestes quatro anos. Preferiu a gestão da paródia, do cinismo, da pretensa distribuição faustosa do que da consolidação real da economia. A verdade é que o dr. Costa, “o habilidoso” deveria ter-se pautado por outros padrões na gestão. Nesta situação confrangedora, só nos resta aguardar pela “solidariedade” dos “países frugais” –Suécia, Dinamarca, Áustria, Países Baixos – pela “máquina impressora” do BCE e pelos juros baixos dos credores. Sem estas ajudas, estamos irremediavelmente perdidos a as dificuldades para os portugueses serão mais do que muitas, mesmo que reneguem a austeridade. Ponto um - O país parou. A economia regrediu. A esperança esmoreceu. A confiança se foi. Só continua a propaganda. As pessoas ainda incrédulas vão tentando entrar numa espécie de normalidade que assusta. As IPSS’s, primeiras linhas de combate para amparar os choques da fome e da miséria, já não conseguem enfrentar o gigantismo destes problemas que se levantam todos os dias. Não conseguem atenuar e suprir necessidades básicas e inadiáveis das pessoas. O governo, contudo, continua a mostrar uma face rosa, acompanhada, agora, de sorrisos amarelos, em que a desvalorização da situação tem sido a sua marca d’água. As moratórias, por exemplo, paliativos financeiros, não resolvem nada, nem coisa nenhuma. Só adiam os problemas. Este instrumento é um recurso usado pelos fragilizados do sistema económico com o objectivo claro de aliviar temporariamente os encargos com as rendas e com os créditos (casa e consumo). Ponto dois - As pessoas ainda não recuperaram do medo provocado pelo vírus chinês. As medidas do governo causam algum espanto e apreensão. Só se ouve falar em milhões. Milhões prometidos à economia. Milhões, muitos milhões de euros nos “lay-off”, no SNS, nos apoios à Comunicação Social. Milhões para “tapar” os buracos negros do Novo Banco e da TAP. Milhões para as empresas, mas que não chegam ao destino. Milhões para devolver no IRS. A pergunta, daí, surge com toda a normalidade. Onde é que o governo vai ou foi buscar tantos milhões? Ou todo este jogo dos milhões não passa de embustes e de propagandas para iludir o papalvo? Ponto três - Sou daqueles cidadãos que quer ver agora a valia, a eficácia e a capacidade de gestão de Mário Centeno (MC). MC tem agora a oportunidade soberana de gerir num tempo de “vacas esqueléticas”. Com recessão e com défices. Com desemprego em ascendente e com dívidas robustas e a acelerar. Com dificuldades. MC vai ter de mostrar o que vale. Ponto quatro - O país a arder em lume brando, a fome a galopar e com problemas gravíssimos para resolver e o dr. Costa, a brincar com o pessoal descaradamente. Meteu as presidenciais no barulho para nos chamar de imbecis. Não sei se isto é um circo ou se estamos num manicómio, onde os doidinhos de dentro estão mais lúcidos do que os doidinhos que estão fora. Sinceramente, não percebo nada destas “brincadeiras” que estão a ser apresentadas com frenesim para o espectador apreciar e se baralhar. Não sei se é para rir ou se para lamentar. E como se isto não chegasse, os socialistas da “democracia velha” querem apropriar-se do candidato do PSD, tentando empurrar o PSD para uma posição de pendura e de segunda linha. A política, nesta variante circense, enrola-se em cenas caricatas e torna-se, à luz da verdade e do rigor, cada vez mais ridícula, intragável e intratável. É um espectáculo deprimente para o cidadão.
Autor: Armindo Oliveira
DM

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1 junho 2020