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Ponto por ponto

Não consigo explicar este paradoxo que me acompanha e me “incomoda” há muito tempo: Gosto imenso do jogo político, mas detesto os políticos. Por mais voltas que dê aos hemisférios cerebrais não encontro aquela resposta óbvia e afirmativa para alterar ou atenuar este “preconceito” existencial. Não gosto dos políticos e é ponto assente!

Ponto um - E não gosto, porquê? Alguns sinais, entretanto: Os políticos, de um modo geral, farinha do mesmo saco, como o povo diz, são agentes fidelizados ao chefe, mudando de estratégia conforme as circunstâncias e “preparam-se” com mestria para a ascensão pública nas “jotinhas” dos partidos. Outros são recrutamos na “família” do chefe. Outros ainda no seu círculo de amigos. E temos assim a massa governativa, medíocre, presa por interesses e por propagandas. A massa dominadora reside, sem dúvida, nas “jotas”, na consanguinidade e no amiguismo. A competência, a qualidade intelectual, o backgroud acumulado profissionalmente não são os primeiros atributos para a contratação. Por isso, os governantes deixam muito a desejar. Vivem no mundo dos arranjinhos e dos interesses. E, no final, quem se amola é o país.

Ponto dois - Quando essa comandita de “jotas” infesta o poder político ou público, a arrogância surge, de imediato, para esconder a mediocridade e a impreparação para o cargo. O caso das “golas de fumo” entregue a um boy do PS é paradigmático. Por outro lado, a visão distorcida da realidade é a consequência normal das suas vivências no meio social onde orbitam. Esta visão vesga da sociedade é motivada pela “exigência” dos aparelhos partidários que a formata e a faz alinhar, em obediência cega, à voz e aos caprichos do “chefe”. Os que desafinam, ficam fora do baralho do jogo dos poderes. Exemplos há muitos e em todos os partidos. Assis é um deles.

Esta aversão aos políticos, enfim, radica também na falta de sentido de Estado que revelam no quotidiano, no baixo nível de responsabilidade que lhes é inerente e na capacidade anódina de decisão que têm. Primam a sua intervenção político-social por índices valorativos sofríveis, enevoando o presente e adiando, inexoravelmente, o futuro do país e do povo que clama, unicamente, por bem-estar, por tranquilidade e por respeito.

Ponto três - A teoria do copo meio cheio e do copo meio vazio, miragem assimétrica de um tempo de manipulações mais ou menos estudadas e de propagandas irritantes, dá-nos a perspectiva real deste mundo artificialmente subjectivo e relativista. Parte-se sempre de pressupostos ingénuos que a política se encaixa em modelos coerentes e devidamente programados para resolverem problemas, para se consertarem rupturas e para se se preconizarem objectivos arrojados e abrangentes que se alinham com os anseios e as necessidades de um povo que vai caminhando sempre na esperança que melhores dias virão. Em contra ponto, é de notar que a Bélgica esteve mais de um ano sem governo e o país funcionava em pleno. Em Espanha, devido às crises políticas sucessivas havia um governo de gestão e o país crescia muito acima do habitual. Às vezes, os executivos só estorvam. Em Portugal com um governo fraco e com apoio dos extremistas, o país lá vai crescendo, poucochinho, alinhando-se às fantasias e à estratégia das ambições poucochinhas do chefe.

Ponto quatro - O relativismo e o politicamente correcto tomaram conta da vida dos portugueses de um modo incisivo e asfixiante. Os extremistas estão a levar este país para um beco sem saída. Isto em tão pouco tempo. A geringonça, fracturou a sociedade, desvirtuou valores, corrompeu princípios, apunhalou a ética. As tradições e os bons costumes foram para o caixote do lixo. Tudo numa ofensiva insensata e tremendamente demagógica. Um dia, mais tarde, este afrontamento vai custar caro a todos.

Ponto quatro - Para finalizar, o caso Marega. A hipocrisia e a estupidez surgiram em grande no cenário político-desportivo nacional. De repente, os comentadores desportivos, os políticos e as figuras de proa aperceberam-se que somos um país racista, xenófobo e intolerante. Mas, incompreensivelmente, esquecem que o futebol foi sempre um caldo gerador de ambientes tensos, de insultos, de palavrões, de violência, de extravasamento de recalcamentos, de lavagem de dinheiro, de promoção social. Sem este caldo, o futebol e os comentadores não existem.

Perante os últimos acontecimentos é caso para se dizer: tanta hipocrisia e tanta estupidez que impera neste futebol tão apetecido é tão passeado pela classe política. Ganhem juízo!


Autor: Armindo Oliveira
DM

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1 março 2020