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Ponto por ponto

Diz o povo na sua sabedoria milenar: o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita. Penso que é uma verdade óbvia, não fosse a palavra do povo o reflexo da sabedoria de Deus!

A madrugada daquele Abril despontou serena, esperançosa e com cheiros intensos a liberdade. Um novo sentir irradiou por todo o país. A alma de um povo se rejuvenesceu e desabrochou plena de aspirações e de sonhos para se construir um futuro promissor.

Mas, numa ânsia desmedida e tresloucada, levada a cabo por gente atada a dogmas, a pressupostos ideológicos que atentavam descaradamente contra o pluralismo e a mando de outra gente estranha, bem estranha por sinal, fez dissipar a madrugada serena, esperançosa e com cheiros intensos a liberdade. Depressa, muito depressa tudo se diluiu. Ficaram só as memórias daquela fresca madrugada de Abril.

Ponto um – A democracia nasceu em Portugal aos repelões, no meio de ruídos ensurdecedores e embrenhada em confusão. Em muita confusão. Por todo o lado. Começou esta democracia por medrar com as raízes mergulhadas em "nutrientes tóxicos", vindos de uma corrente política autoritária, cujos objectivos era construir um país de partido único, de visão estatal e uma sociedade manietada pelo colectivismo.

Os totalitários comunistas quase que o conseguiram, não fosse meia dúzia de homens de "barba rija" que enfrentou com coragem a deriva democrática, vencendo a demagogia, o embuste e a libertinagem reinante.

Énotório que as sequelas deste triste período da nossa história ainda estão bem impressas nos ADN's dos partidos radicais que não foram capazes de reflectirem com profundidade os seus ideais e de se regenerarem como aconteceu em Espanha, Itália, França, entre outros países europeus. Esta "má herança democrática" tem sido um fardo pesado para o equilíbrio social e económico do país, ressurgindo agora, com desplante e desaçaimada, com criação da geringonça que faz caminhar este povo, ainda pouco desperto, para o beco das pretensas igualdades e para um nível de vida nivelado por escalas inferiores. Éisso o que eles querem.

Ponto dois – Agosto de 1961- Sópara lembrar e é bom lembrar: a Europa dividida em dois blocos: Bloco Leste e Bloco Ocidental. Dois mundos, duas visões políticas e duas realidades económicas e sociais. Do lado Leste, (diziam-nos), a terra do "leite e do mel". A terra das igualdades plenas, das amplas liberdades, do sol na terra, do pensamento esclarecido e da paz universal.

Do lado Ocidental, a terra dos exploradores, das desigualdades, das injustiças e do capitalismo selvagem (grande embuste). Novembro de 1989 - a destruição do Muro de Berlim. Destroem-se as mentiras e destroem-se todos os embustes.

A realidade surge agora dura e crua no lado Leste. De repente, sentem a miséria e os olhos vêem o mundo de outras cores. Toda a gente vê. E o que se viu foi muito triste e muito realista: os povos que viviam na terra da esperança, das amplas liberdades e de todos os direitos, ou seja, do lado Leste, fogem a toda a pressa para a terra das injustiças e das desigualdades.

Quem entendeu e entende esse fenómeno do êxodo acelerado das gentes que viviam nas terras da fartura! E agora, tantos anos depois e rejeitados por todo o lado, querem dar a mesma receita a este povo português que rejubila com um punhado de migalhas.

Ponto três – Os países do Leste garroteados durante décadas pelo despotismo das elites comunistas. A bem ou mal se subjugaram às ideologias totalitárias. Com resistências aceitaram um modelo opressor. Quem desafinasse, o resultado eraóbvio: campos de reeducação, deportações em massa e trabalhos forçados. Os famosos gulagues e as perseguições eram o destino. Esses povos conheceram e sentiram na pele as agruras da democracia das "amplas liberdades".

Hoje, quase todos a pertencer à União Europeia nem querem sequer ouvir falar dessas tretas das igualdades. Têm a experiência amarga do que é um país manietado e manipulado. Um país castrador da liberdade, da iniciativa coarctada e do pensamento com barreiras. Da intolerância e do atropelo pelas ideias dos outros. Enfim, a história não engana.

Ponto quatro – O embuste da geringonça está a permitir o desenvolvimento desta corrente ideológica no meu país com palavras mansas e a coberto do politicamente correcto. Faz de conta que sente os problemas dos outros e que lutam pelos direitos de todos.

Com habilidade estão espalhando a má semente nos terrenos férteis da incultura e da pobreza. Épreciso acordar, porque "o ir buscar o dinheiro a quem o tem acumulado" tem pernas para andar. Éuma questão de tempo e de paciência. E eles, os estalinistas e os trotskistas, têm tempo e paciência.


Autor: Armindo Oliveira
DM

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29 abril 2018