1. É evidente que me não é lícito generalizar, mas a verdade é que cada vez descreio mais de certa política que temos. A forma como alguns exercem a política mais a descredibiliza do que a enobrece.
Fala-se muito mas age-se pouco. Faz-se mais propaganda do que se apresentam realidades. Há a preocupação de nos convencer que vivemos no país das mil maravilhas quando a realidade mostra haver problemas sérios a que é urgente prestar atenção.
2. Imagino o político um dedicado servidor do bem comum. Alguém que se liberta de fanatismos ideológicos e não se crê o único detentor da verdade toda. O que vive a convicção de que não traz na algibeira a solução para todos os problemas. O que mais dialoga do que discute. O que, liberto de espartilhos partidários, não dá cobertura a qualquer espécie de compadrio. O que aceita a existência dos outros como seres que também pensam e em muitas coisas também têm razão. O que sabe reconhecer a validade de soluções apresentadas pelos outros para os problemas que igualmente o preocupam. O que sabe juntar parcelas de verdade a fim de chegar a uma verdade cada vez maior.
3. Imagino o político um homem preocupado com uma cada vez maior justiça social, empenhado em contribuir para que se encurte o fosso que separa os muito ricos dos muito pobres, consciente de que a igualdade é um mito mas considera seu dever fazer com que a desigualdade seja cada vez menor.
Imagino o político um homem atento ao que se passa. Que sabe ouvir o povo. Que sabe deixar o ar condicionado de gabinetes alcatifados mas não tem receio de pisar o tojo e conversar, pessoalmente, sem teatralismos, com pessoas que ainda não veem satisfeitas necessidades básicas.
Imagino o político um homem consciente de que com pensões de reforma de quatrocentos euros ou ainda menos é impossível viver com dignidade. Que não tem receio de congelar as dos grandes para fazer crescer as dos mais pequenos.
4. Imagino o político um homem de princípios, para quem a ética e a honestidade não são mangas de colete. Um homem que não atua de harmonia com as próprias conveniências. Que não deixa de reconhecer o erro onde ele está, mesmo que quem errou seja um companheiro de partido. Um homem que não sacrifica o bem comum aos interesses partidários.
5. Imagino o político um homem que luta contra toda a forma de corrupção e por uma justiça cada vez mais célere e independente dos diversos poderes.
Imagino o político um homem imune à força dos grupos de pressão.
Um homem que se bate por uma correta gestão dos dinheiros públicos, que tem uma correta escala de valores, que se não deixa encandear por obras de fachada mas atende ao que são as verdadeiras necessidades do país, considerando inadiável o que realmente é prioritário.
Imagino o político um homem disposto a investir a sério na saúde dos portugueses. Que não desfaz o bem que outros fizeram só porque não foi feito por si nem pelos seus.
Imagino o político um homem que se bate pela programação, para vários anos, de um verdadeiro sistema de ensino e ponha fim ao experimentalismo que se tem verificado.
6. Imagino o político um homem preocupado com a verdadeira segurança das pessoas, de modo que todos sintam estarem acautelados a sua integridade pessoal e os seus bens.
Imagino o político um defensor da verdadeira liberdade. Uma liberdade que se não identifica com a libertinagem e reconhece os seus justos limites.
7. Imagino o político um apaixonado pela verdade. Que sabe resistir à tentação da bisbilhotice. Que não vai para a televisão afirmar o que sabe não ser correto ou humilhar quantos não leem pela sua cartilha.
Imagino o político um homem cuja vida pode ser um exemplo para o comum dos cidadãos.
8. A minha homenagem a todos os que fazem política séria e a sério. Que o seu exemplo se reproduza.
Autor: Silva Araújo