Ao que o bastonário, respondendo à sua provocação, lhe atirou:
– Lá confiar confio, mas não posso ignorar que há médicos a falsificarem receitas ou inseridos em mecanismos de corrupção nos circuitos de medicamentos, etc.
Depois desta resposta, o militante bloquista refugiou-se no reduto dos lugares comuns dizendo que confia, plenamente, nos homens e nas leis por que se rege o país.
Ora, basta folhearmos as páginas dos jornais, ouvir os noticiários e o que nos dizem os telejornais para constatarmos que a confiança de qualquer ser humano em relação ao outro anda pelas ruas da amargura. Isto porque vão sendo assassinados valores, de tão elevada importância para a nossa sociedade, como sejam a seriedade, a palavra, a honra, etc., a fim de abrirem caminho a práticas corruptas e negócios ilícitos no desempenho das mais variadas funções. E a desconfiança é de tal ordem que até o camarada Jerónimo (do PCP) veio, recentemente, afirmar: «não ponho as mãos no fogo por ninguém».
Vejamos estes simples exemplos futuristas, após a banalização do ato: num hospital, uma pobre mulher está às portas da morte. Entretanto, há uma muito rica, que entra, a precisar de um órgão essencial para sobreviver. Quem prevalecerá viva? A que poderá pagar a alguém uma fortuna para continuar a viver, ou a outra? Claro que, segundo o juramento de Hipócrates, é a pobre. Mas uma vez provocada a morte, por um discípulo seu, será a rica.
E como irá ser quando aquele neto farto de esperar pela fortuna do avô, que nunca mais morre, oferecer alvíssaras a quem o mate?
Dá ideia que este “esquema”, trazido pela mão da ala radicalista afeta ao Governo, só serve para desviar as atenções do que é essencial. Mas então já não os preocupa os dois milhões de pobres que temos no país, bem como os sem-abrigo e a situação dos milhares de desempregados e marginalizados da sociedade? Os “empurrões” aos idosos em que 18 queixas por semana são apenas a ponta do icebergue do que vai por aí, em que os filhos chegam a ser os próprios agressores? Porque não lutam, ao lado dos vivos, para que as seguradoras e os Bancos deixem de “empurrar” os doentes crónicos e oncológicos, discriminando-os com taxas 500% mais elevadas, quando aceites, nos seguros de vida e no crédito à habitação?
E a Europa? Já não há interesse em discuti-la? Pouco se lhes importando que se desmembre, aos poucos; que o terrorismo continue a massacrá-la, ou que sejam outros “Trumps” a tentarem resolver os problemas económicos, sociais e políticos e da liderança de que enferma?
Fernanda Câncio – ativista de esquerda dos temas fraturantes – em artigo no DN não esconde a verdade ao escrever: «o meu sonho máximo é ver derrotada a Igreja Católica». E, já agora, acrescento, ver os cristãos atirados às feras.
O que me quer parecer é que em vez de prevalecer o “sistema de vida garantida”, esta gentinha queira implementar o “sistema de morte antecipada”. A mesma que acha o povo livre, inteligente, idóneo e soberano para votar em eleições. Mas que para se pronunciar, em referendo, é ignorante, atrasado, estúpido e manipulável.
Esta espécie de injeção atrás da orelha faz-me lembrar um método que os opositores ao antigo Estado Novo gostariam de ter usado. Quando pegaram numa frase popularizada pelo saudoso ator Raul Solnado, deram-lhe a volta, pintaram-na num cartaz e ostentaram-no junto à (antiga) Ponte de Salazar, enquanto este a inaugurava, onde se lia: “podia ó… empurrá-lo”. Atirando-o abaixo da ponte, claro está. Alguém o fez?
Autor: Narciso Mendes