Nos últimos dias fomos brindados com a notícia que deu nota que o vereador do Bloco de Esquerda, Ricardo Robles, pôs à venda um prédio em Alfama por 5,7 milhões tendo uma mais-valia de 4 milhões em 4 anos.
O que está em causa não é a legalidade de vender o imóvel. O que se coloca em causa é a coerência, a seriedade e a contradição da atitude de Ricardo Robles face à ideologia do partido a que pertence e aquilo que o próprio tem criticado. A especulação imobiliária.
Face a esta contradição, era mais que evidente que o próprio não tinha condições para continuar como vereador na Câmara de Lisboa. Quando se é contraditório em matérias como estas, a credibilidade da própria pessoa deixa de existir. O Bloco de Esquerda e o próprio Ricardo Robles tardaram a perceber isso.
Mas, no meio de tudo isto, quem esteve pior foi Catarina Martins. Cometeu vários erros na gestão política do caso.
Atirou-se primeiro à comunicação social insinuando que a notícia era falsa e ainda insinuou que tudo isto era proveniente de interesses imobiliários acusando de perseguição ao Bloco de Esquerda.
Catarina Martins deveria ter percebido que a comunicação social não se deixa ficar quando algum político faz alguma insinuação sobre o trabalho jornalístico e, que, por isso, coloca toda a informação em cima da mesa para se defender da acusação e desmascarar a pessoa em causa.
O segundo erro foi a acusação de perseguição ao Bloco de Esquerda. Interrogo-me: Catarina Martins entrou ontem neste mundo da política? Ainda não percebeu que os partidos e quem deles faz parte estão sujeitos a este tipo de “perseguição”? Pelos vistos ainda não aprendeu o que é política e os riscos que dela surgem.
Aceitará o Bloco de Esquerda o desafio de uma das suas militantes, Mariana Mortágua, e perderá a vergonha de ir buscar dinheiro a quem está a acumular, como é o caso de Ricardo Robles, não esquecendo Catarina Martins que é fundadora de uma empresa de alojamento local?
Todo este caso coloca não só em causa a credibilidade de Ricardo Robles e do Bloco de Esquerda mas a de toda a classe política. É cada vez mais imperativo que os agentes políticos comecem a ter mais ponderação no seu discurso e nas suas posições, sendo mais coerentes e transparentes para uma melhor credibilidade da classe política.
Autor: Jorge Silva
Pior a emenda que o soneto
DM
8 agosto 2018