A grande maioria dos clubes viveu anos e anos na dependência de organismos públicos, que distribuíam dinheiro em troca de números (por vezes irreais) de atletas e sem procurar alguma independência financeira através de receitas próprias ou do apoio do setor privado. Quando o setor privado entrava na vida dos clubes, era sempre para os beneficiar fiscalmente, através de faturas com valores diferentes do valor monetário que entravam nas suas contas.
Então há uma questão que se coloca: que projetos para o futuro?
Um clube tem que ter a capacidade de criar as suas próprias receitas, mas como o pode fazer? A primeira opção é a que todos os clubes fazem, especialmente após 2006, cobrar uma mensalidade a cada atleta, sendo que começaram a desenvolver as escolinhas das modalidades, de tal forma, que se tornou uma boa fonte de rendimento. Mas as mensalidades não são a resposta, pois estas acabam por ser um rendimento de gasto imediato. Os clubes têm que, entre outras receitas, ter a capacidade de criar o seu próprio rendimento através de merchandising, publicidade e atrair público para os jogos (escalões de competição).
Mas os três estão interligados, porque sem público nas bancadas, nenhum investidor patrocina, sem patrocínios não temos entrada de dinheiro e, novamente, sem público não podemos vender merchandising.
No entanto, também sabemos que o problema está na falta de cultura desportiva que cada vez mais afasta as pessoas dos pavilhões, dos estádios e das pistas. As pessoas não se interessam pelo desporto no geral, infelizmente menos ainda em modalidades de pavilhão. Por último, qual o interesse de uma empresa em apoiar um clube, a não ser o facto de ajudar porque existe um conhecido, parente, pai ou amigo? Não existe nenhum interesse, pois uma empresa deseja ter algo em retorno, normalmente visibilidade ou que o que vende seja adquirido ainda mais após a tal visibilidade. Mas se não temos público nos espetáculos desportivos, onde está essa visibilidade?
Em muitos países o Estado não subsidia muito o desporto, sendo a sua maior força vinda do setor privado. A partir daqui, tudo se torna mais fácil.
Se um clube português fosse uma empresa, arriscaria a dizer que estaria sempre em falência, quem diz clube diz associação, quem diz associação diz federação.
É urgente pensar o desporto em Portugal como uma empresa, é urgente pensar que o seu maior ativo são os milhares de atletas que todos os dias praticam as suas modalidades e é preciso dar-lhes todas as condições para que eles possam fazer desporto com perspetivas de futuro. Então vamos lá começar!
Autor: Luís Covas