Como se já não bastasse a liberalização gratuita da interrupção da gravidez, o atrevimento em chamar casamento à união de duas pessoas do mesmo sexo, à tentativa velada de implementar indiscriminadamente a eutanásia, aparecem agora à luz do dia, na Assembleia da Republica, projetos de lei sobre autodeterminação de género. Um desses projetos é da autoria do Bloco de Esquerda e visa permitir a um menor de 16 anos mudar de sexo, mesmo ao arrepio dos seus representantes legais, bastando para isso recorrer aos tribunais!
Ora, matéria de tamanha sensibilidade levanta profundas questões de natureza ética e legal, e que, envolve uma rigorosa avaliação médica e, posteriormente, uma consequente e complexa intervenção multidisciplinar com consequências para o resto da vida.
Como há dias o arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, referiu o projeto de lei do Bloco de Esquerda que visa dar corpo a esta verdadeira monstruosidade legislativa revela “falta de senso comum” e ameaça “a nossa civilização”.
De facto, quando estão por satisfazer plenamente os direitos mais básicos de muitas crianças e jovens, é no mínimo lamentável que se gaste tempo e dinheiro dos contribuintes na discussão de temas que apenas servem para alimentar polémicas e minar e ferir gravemente a sociedade que nos permitiu chegar aos dias de hoje.
Não serão afrontas como esta que estão a contribuir para a decadência das sociedades ocidentais? Não serão a permissividade e o laxismo, disfarçados de progresso e modernismo, responsáveis pelas grandes turbulências do nosso tempo?
Olhando um pouco à nossa volta, se não ficarmos com certezas absolutas, permaneceremos, pelo menos, com muitas dúvidas. Os crescentes fenómenos independentistas na Europa, como o da Escócia e o mais atual da Catalunha, o próprio Brexit, a proliferação de movimentos populistas e xenófobos não terão, pelo menos, algumas raízes na degradação das nossas sociedades?
Na realidade, há inúmeras perplexidades, que facilmente todos poderão constatar, preocupantes e capazes de nos desassossegar.
Os resultados das eleições legislativas na Alemanha do último domingo são uma dessas preocupações. Ninguém ficará sossegado com a subida meteórica de um partido que vai beber a sua inspiração e muita da sua doutrina ao nazismo, responsável maior pela morte de muitos milhões de inocentes, apenas e só por uma questão de raça, credo ou religião.
Ninguém ficará indiferente à peleja de palavras e de permanente afronta entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos da América. Ninguém ficará indiferente ao martírio do povo sírio envolvido numa guerra sem fim à vista e onde as potências militares não se preocupam senão em marcar posições que lhe garantam no futuro o melhor espólio.
Neste tempo de tantas turbulências, de múltiplas inquietações e, principalmente, de grandes incertezas urge não pactuar com todos aqueles que mais não fazem do que pôr em cheque princípios e valores humanos inalienáveis. É preciso agir. É urgente não cruzar os braços e dizer basta!
Vamos fazê-lo já no próximo domingo exercendo o direito e o dever de votar. As gerações vindouras não podem ficar prisioneiras de quantos, sob a capa de falso progressismo, nada mais fazem do que contribuir para a destruição do Homem.
Autor: J. M. Gonçalves de Oliveira