Num Ocidente pós Maio 68, cujo sloganera “Proibido Proibir”, a sociedade foi-se tornando cada vez mais permissiva, tolerante no sentido do não querer saber e do tanto faz.
A recusa duma ordem de valores, a adopção dum modo livre de viver a sexualidade, com laivos de “cientificamente correcto”, provocaram uma mudança radical nos costumes e práticas sociais.
A esta realidade não foi estranha a teoria defendida por Sigmund Freud, na qual o homem foi reduzido e dominado pelo seu instinto sexual, num pansexualismo que, aliado ao pensamento revolucionário de Karl Marx, produziu os seus frutos nos anos sessenta, resultado duma perfeita simbiose entre ambos e complementada por Wilhelm Reich.
Anos mais tarde, Herbert Marcuse e Bertrand Russel consideram a desinibição sexual como algo de libertador e capaz de estabelecer uma sociedade solidária e mais humana.
Esta transformação do Erosem divertimento livre de toda e qualquer hipótese de repressão religiosa ou moral, desencadeou uma sexualidade transgressiva com incursões no masoquismo, na pedofilia e na bestialidade, com reflexos na violência doméstica e no consumo de pornografia.
Perseguida, denegrida ou minimizada a moral religiosa, fragilizada a família e atacada a maternidade, o “sistema” impôs-se fortemente à humanidade e serviu-se dos mass mediapara vender a ilusão de felicidade e de liberdade, ao mesmo tempo que bloqueou a capacidade de pensar e de discernir sobre esta hecatombe que se abateu entre nós.
Depois duma segunda guerra mundial, dos campos de concentração e de extermínio, da bomba atómica e da tentativa de eliminar a dimensão religiosa do homem, este encontra-se mais vazio de sentido, mais frágil, sem bússola nem norte, ausente de referências e de esperança da vida.
Nesta terra árida grassou o pessimismo, a indiferença, o quero lá saber. É a ditadura do relativismo, onde na ausência dum Bem Supremo, o homem se absolutiza e substitui o divino, numa indefinida avaliação das verdades e dos valores, do bem e do mal, onde tudo é relativo, tudo é igual, impondo a sua força destruidora da essência antropológica e o pobre mortal “intoxicado “pelo que vê, ouve e lê, tudo permite, tudo consente, pois já nem ousa discernir nem se apercebe que “o rei vai nu”.
Assim previa Dostoievski, quando afirmou que “se Deus não existe então tudo é permitido”, tudo vale, nada de mais alto se eleva e temos uma humanidade nivelada pelos instintos, pelo prazer a qualquer preço, que tudo faz para degradar o Homem na sua essência metafísica de animal racional, que se constrói e enriquece tendo por modelo um Ser superior.
Sem preceitos éticos e morais, não existirá nada que ponha limites aos seres humanos, viveremos na mais completa anarquia, onde, mesmo limitados por leis, tudo ainda seria permitido, sem Deus a liberdade é plena, mas o ser humano degrada-se e desumaniza-se a tal ponto que matar ou mandar matar é um acto inocente para quem já banalizou a sua existência e nada mais espera da vida nem da morte.
Autor: Maria Susana Mexia