Como a galinha que, debaixo das macias penas do seu peito, agasalha, defende e protege a sua extremosa ninhada das perigosas investidas (roturas) do meio ambiente, assim tal a função do per modum unius. A extremosa ninhada eram todas as cadeiras académicas que o aluno de filosofia metafísica devia dominar, no último ano, com toda a mestria e perícia (clareza, distinção, verdade, análise e síntese), para obter, com uma classificação a exceder os doze valores, o grau de licenciatura.
Entre todas as cadeiras, fulguravam a Lógica Menor (como disciplina do pensamento), a Lógica Maior ou Crítica, a Ontologia, Psicologia Racional, Teodiceia (Teologia Natural), Ética ou Moral (a conformidade do comportamento existencial com o bem transcendental) e a Cosmologia.
Todas estas diversas e distintas cadeiras, per modum unius (como se fossem só uma) têm de estar unidas, integradas, conectadas e congruentes com o seu natural e ôntico Ser, uno, analógico, relacional, transcendental, simples, estável e eterno (na sua essência constituída pela sua espiritualizada corporizada). Toda esta união ocorre na ânsia de se concretizarem, após a sua libertação, no amor imanente, natural e transcendente de Deus.
Este nosso imanente, natural, transcendental e ôntico ser é, para mim, a minha primordial estrela da manhã, que me vai projetar e conduzir pelo verdadeiro caminho da vida existencial, para os Evangelhos, para Deus, para a paz e felicidade. Há outros luminares, tais como essencialmente Jesus, a narrativa histórica do seu Evangelho, a religião, a cultura, a fé, a política, a biologia, o racional. Embora considerando tais luminares, não lhes vou conceder a primazia humana. A primazia deve alimentar-se e dessedentar-se no nosso ôntico ser, criado à imagem e semelhança do seu Criador, Deus, o Transcendente e ôntico Ser Divino.
Segundo o famoso teólogo E. Echillebecke, Jesus não deixou relíquias. As únicas relíquias são as Comunidades Cristãs vivas, que assentam em quatro pilares:
1 – Acreditar em Jesus, o Cristo, e através dele, em Deus, que é Amor. A fé é a entrega confiada a uma Pessoa, a Jesus e, por Ele, a Deus, fonte da vida e da salvação.
2 – A fé obriga a dar razões
3 – Se Deus é Amor, é preciso amar
4 – E esta vida, a vida cristã (…) é iluminada pela fé a caminho da plenitude do Reino de Deus (…), a celebração é o culminar de uma vida cristã.
Na minha opinião, o pilar em que assentam, naturalmente, as Comunidades Cristãs vivas é o per modum unius ou seja o uno da nossa ôntica natureza, una e relacional na sua imanente transcendentalidade, com as suas portas abertas, escancaradamente, à receção, à integração, conexão e sintonização com o nosso Deus Transcendente. Este é o poço de paz, vida, felicidade, esperança, otimismo e alegria e do relacionamento transcendental com toda a criatura, sem condicionalismos e fora de todas as circunstâncias, do modo autónomo, consciente, livre e responsável.
Autor: Benjamim Araújo
Per modum unius (Tudo parte do Uno e tudo regressa ao Uno)

DM
20 setembro 2017