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Pentobarbital de sódio

Apenas 15 miligramas de Pentobarbital de Sódio separam a vida da morte; e isto porque este fármaco é utilizado na antecipação da morte por eutanásia ou por suicídio assistido. À hora a que escrevo esta NORTADA tem o Parlamento para discussão e votação quatro projetos de lei (do PAN, BE, VERDES e PS) para a legalização da eutanásia, antecipando-se, assim, à opinião do povo: por isso, discordo absolutamente que uma questão de tamanho alcance social, ético e moral seja discutida e possivelmente aprovada sem uma consulta popular, através de um referendo, a ter lugar, obviamente, após um profundo e longo período de esclarecimento e debate nacional. Ora, sendo os deputados os representantes do povo, eles devem ser a sua voz e nunca a sua anti-voz; sobretudo em questões de princípios e direitos fundamentais como é a vida e a sua defesa; e tanto quanto sabemos, mesmo não as tendo nos seus programas eleitorais, os grupos parlamentares são useiros e vezeiros na aprovação de medidas e leis nas costas do povo e contra a sua vontade. E esta atuação não pode ser considerada democrática, mas simplesmente totalitária; e o atual governo, a reboque do PCP e do BE, partidos ideologicamente comunistas, trotskistas e maoistas, tem-na levado à prática na aprovação de medidas fraturantes e sem o consentimento expresso da maioria do povo. Depois, o nosso país sempre teve o demérito de pertencer ao pelotão da frente dos países mais desenvolvidos, primando, deste modo, pela tomada de medidas políticas e sociais para as quais não está preparado económica, financeira e socialmente; e, assim, ao pretendermos a legalização da eutanásia, lá estamos a querer integrarmo-nos no pequeno grupo, em todo o mundo, dos que a praticam: Bélgica, Holanda, Luxemburgo e Estados Unidos da América (apenas nos estados de Oregon, Vermont, Washington e Califórnia) e Suécia onde é permitido o suicídio assistido. Pois bem, sendo nós um país com imensas carências de toda a ordem –Saúde, Educação, Justiça Social, Segurança Social, Emprego, Formação Profissional, Economia... – é um tremendo absurdo, perda de tempo e falta de respeito pelo povo o facto de o Governo e o Parlamento se dedicarem à discussão e aprovação de assuntos e medidas não necessárias, nem urgentes; e isto não passa efetivamente de um oportunismo sagaz de certa esquerda que quer aproveitar o momento de o Governo dela depender para aprovação de medidas que afrontam a maioria do povo e vão contra a sua formação e consciência moral e cívica. Preocupa-me a aprovação da legalização da eutanásia, embora, no momento, desconheça o resultado final da discussão; mormente pelo uso que deles se possa vir a fazer no futuro; como me custa aceitar que um médico, após ter feito o juramento de Hipócrates em defesa da vida, acabe por lhe pôr fim, através da eutanásia; e penso mesmo que tamanho seria o peso na sua consciência bem capaz de lhe não dar sossego toda a vida. Depois, aprovada a descriminalização da eutanásia, facilmente se podem fazer futuros arranjos na legislação aprovada que permitam usá-la para os mais diversas e impensáveis fins; por exemplo, já veio na comunicação social a notícia de um casal de idosos que, com o argumento de não querer ser um estorvo para os filhos, solicitou o uso da eutanásia e esta lhe ser concedida. Também a ciência, apesar dos enormes avanços que tem feito, ainda não encontrou respostas efetivas para o momento em que a vida chegará mesmo ao fim; e, por isso, não espanta haver imensos casos de pessoas a quem a medicina decretou poucos dias ou meses de vida e que, afinal, acabaram por durar muitos anos ainda; e, então, se em tais situações se pusesse termo à vida, quanto percurso de vida, quanto bem e quanta felicidade se perdiam. Pensemos igualmente no que podem fazer os ditadores do futuro, na esteira de tantos outros que figuram nos anais da História das Nações, recorrendo à eutanásia; até simples questões económicas, demográficas ou geracionais poderão justificar o uso deste meio de pôr fim à vida; e isto revela bem a arma nuclear em que se pode transformar a legalização da antecipação da morte por eutanásia. Sei que aos governos dá mais jeito, sobretudo pelos baixos custos económicos que comporta, a utilização da eutanásia do que a implementação de medidas de Saúde e Segurança Social que garantam um fim de vida sem sofrimento, com dignidade e tranquilidade, através de uma rede nacional cuidada e eficiente de Cuidados Paliativos; todavia, sendo os governos os representantes do povo, devem governar a pensar mais nas suas necessidades, carências e bem-estar e nunca nos algarismos que ditam a ressalva das medidas económico-financeiras. Agora, sendo a vida um dom de Deus que, através dos nossos pais, nos foi legado, ela é inviolável, e, assim, sempre considerada deve ser com toda a dignidade, solidariedade e humanidade na pessoa de quem mais sofre e lhe sente a insuficiência e a falta; e, como tal, contrária a qualquer meio antinatural, antidogmático e antiontológico de lhe pôr fim, como é a eutanásia, cuja legalização mais não é do que uma demonstração cabal de retrocesso civilizacional, ausência de ética e de sentido moral que tomaram conta da nossa sociedade. Então, até de hoje a oito.
Autor: Dinis Salgado
DM

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30 maio 2018