Eu penso com a minha própria cabeça, não com a dos outros, logo debito aquilo que a minha memória reproduz. Isto, desde que não prejudique nem ofenda quem quer que seja, ou ache o contrário de mim. É essa a riqueza da democracia a qual me concede algum direito e liberdade de tecer a minha opinião sobre o que acho bem ou mal, ainda que a minha perspetiva possa estar errada. Pois se me enganar, ou sair dos eixos, cá estarei para me retratar. Portanto, só a mim vincula o que digo e torno público. Já que não sou, nem nunca fui, jornalista, ou articulista avençado dos Órgãos de Comunicação Social. Apenas o faço porque, para parafraseando alguém, me apetece escrever e, ao mesmo tempo, dar o meu modesto contributo às páginas do nosso D.M.
Com efeito, se há gente que não gosta dos meus conteúdos, ou não os aprecia, outros há que não só me leem, como recebo algum feedback positivo e alento para continuar, o que muito me apraz. Pelo que, desta minha colaboração, a este jornal diário, espero não alimentar polémicas estéreis à volta dos assuntos. No entanto, não me considero imune ao escrutínio se, alguma vez, alguém decidir puxar do ‘PC’ e rebatê-los. Afinal, não é a mim que me compete educar o povo, nem é para aí que estou virado, pois, já me habituei aos olhares enviesados e pouco dóceis de alguns leitores que, embora digam ler os meus trabalhos, ao virar da esquina, me mandam para o inferno, incapazes que são de olharem as questões sem palas nos olhos.
Ora, acontece que “pensar”, deu nisto: não encarar terminar os meus dias a ver tanta patifaria à solta. Mormente no nosso país e em prejuízo do bem comum. Sobretudo, a praticada por os que mais responsabilidades deveriam ter na gestão do bem público, pertença de Portugal, porque extraído dos rendimentos dos seus cidadãos em forma de impostos. Mas, quando olho o panorama geral não me anima: ‘corrupção’, ‘oportunismo’, ‘mentira’, ‘falsidade’, ‘hipocrisia’, ‘insolência’, ‘traição’, intriga, inveja, vaidade, ‘falta de ética’, ‘de educação’, ‘de civismo’, etc. Um corolário de indigestas qualidades que pouco se viam num país outrora analfabeto e rural, mas hoje, segundo se diz, instruído e desenvolvido.
Daí, me sentir impelido a opinar sobre as concorrentes às nossas escolas e universidades: os canais de ‘TV’. Com fórmulas diversas para instruírem o povo e as que mais alunos frequentam e matérias ministram, através daquilo que encerram os seus conteúdos. Isto é, dando dicas para ser levada à prática a devassidão acima mencionada. Sendo, para além da ‘programação em grande escala’ de ‘fastidiosos debates’ e o ‘comentarismo da política e do futebol’ aqueles que mais enxameiam os écrans, do nosso quotidiano televisivo, com discussões, por vezes, enjoativas e estéreis. Isto, apesar de existirem outros canais dedicados, exclusivamente, aos referidos temas. E embora me custe aceitar tais novas formas de informar e formar as massas, noto neles um certo efeito de anestesia à populaça, em que ‘Reality Shows’ e muito outro lixo importado me faz optar pelo ‘zapping’ e virar para canais, difundidos a partir de outras paragens, que mais me agradem.
Depois, os responsáveis dos chamados ‘canais generalistas’ mais parece andarem apostados em mudar o nosso pensamento para o deles. Provocando o desencanto e desvirtuamento à nossa sociedade, cada vez mais resignada à perda dos valores que sempre a orientou. E o encadeamento de ‘telenovelas’, muitas delas repetidas à exaustão, ‘chefes da culinária’, ‘cantoria a rodos’ e mais do mesmo, vai sendo a forma encontrada para alimentar os espectadores a migalhas de pão e muito circo.
É, pois, no intuito de quebrar a tal rotina que surgiu a recente inauguração da ‘DMTV’, com vista a um futuro canal televisivo da região do Minho. Uma aventura projetada pela equipa deste jornal Católico, cuja resiliência se mantém em dar voz aos que a não têm. Oxalá venha a ser uma realidade, dado que o país anda a precisar de evangelização.
Autor: Narciso Mendes