A ecovia do rio Este deixa muito a desejar aos ciclistas. Além dos múltiplos conflitos com os peões - é uma via partilhada –, tem uns míseros 4 km de extensão o que a pedalar se faz em poucos minutos. E não é desinteressante apenas para os ciclistas adultos. Mesmo uma criança de 8 anos rapidamente se aborrece de ali pedalar.
Em poucas viagens o passeio vira “seca”. Até porque é uma ecovia muito pouco estimulante: além da envolvente ser desinteressante, estabelece uma ligação entre dois não-lugares, começando no passeio da rodovia para o Bom Jesus e terminando, abruptamente, na estrada em Ponte Pedrinha. Soa demasiado a projeto sem rumo – pelo menos na vertente ciclável – e pouco mudou desde a inauguração em 2013.
E se não temos ciclovias para recreio, também não as temos para circulação na cidade pois, como temos vindo aqui a dizer, os 70km de vias prometidas não saíram do papel. Estranhamente não é difícil em países mais a norte – e até nas ex-repúblicas soviéticas – encontrarmos ciclovias com tramos de mais de 100km de extensão que servem várias cidades.
Uma boa resposta ao problema é gerar rede, interligando o pouco que vai existindo em Portugal e que resulta quase sempre da reconversão de antigas vias férreas. Assim, para os bracarenses a ciclovia mais perto com dimensão aceitável (30km) é a da antiga linha da Póvoa a Famalicão.
De momento a solução é levarmos as bicicletas no comboio urbano até à Estação de Famalicão e de lá descobrirmos o início da tão mal sinalizada e conectada ciclovia. Algo que o Município de Famalicão devia urgentemente corrigir, até para a ligar ao excelente Parque da Devesa (a 1200m).
Mas Braga e Famalicão deviam pensar mais além! Aproveitando o vale do Rio Este podem estabelecer uma ligação fácil entre as duas ciclovias (assinalada na planta a pontilhado), ficando a cargo de cada município 10km. Em grande parte nem faria falta construir uma via de raiz. Poder-se-iam aproveitar os caminhos rurais já existentes próximos do rio, conectando-os e sinalizando-os.
Esta ciclovia teria também a vantagem de ligar à Bosch, ao parque industrial de Celeirós, à estação de Nine, além de nos levar a Rates, à Póvoa, a Vila do Conde ou à Apúlia. E, claro, de igual forma, aproximando esses locais do centro de Braga. Quando pudermos ir ver o mar à Póvoa a pedalar em segurança então, sim, teremos algo a que poderemos chamar uma ecovia ciclável!
Autor: Luís Tarroso Gomes