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Partiu Rui Alarcão, o Reitor

O querido amigo Sr. Prof. Catedrático/Jubilado Doutor Rui Nogueira Lobo de Alarcão e Silva partiu, mas estará presente para sempre nos nossos corações. Meu Reitor, 1982-1998, aquando de grande parte dos meus estudos pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.

Como membro de facto durante dois mandatos pela “sondagem nacional política” da Direcção-Geral da Associação Académica de Coimbra, nem sempre estivemos de acordo, p.e. durante a famosa introdução das propinas no ensino superior português, mas sempre tivemos um respeito mútuo ou não fosse a sabedoria da Justiça a nobreza do corpo e da Alma, para quem crê na mesma (como eu).

Como referiram vários órgãos de comunicação social, o Magnífico Reitor Rui Alarcão tinha vasto currículo sobretudo em termos académicos e jurídico-científicos ao mais alto nível. Nasceu em 1930 na Cidade de Coimbra e assim viveu cerca de 88 anos de idade. Foi também um destacado membro da Comissão Constitucional e também Membro do Conselho de Estado.

Constituinte de Portugal. Todos aqueles que com o Senhor Magnífico Reitor contactaram são unânimes: é o Reitor por excelência, o qual sempre soube receber e dialogar com estudantes, professores, funcionários, familiares, entre outros. O hábito não faz o monge e também neste caso não basta ser “Reitor” apenas formalmente, é preciso fazer por isso. Assim como nem todos são ou conseguem ser Magníficos. Porque ser “Magnífico” não é para qualquer um.

E, Rui Alarcão, foi o Magnífico Reitor, o exemplo a ser seguido por todos os “Reitores”. Com o Magnífico Reitor Rui Alarcão jamais ficaria alguém de boa fé por ser recebido. É evidente que há humanos equívocos, mas quando esses equívocos se transformam em arrogância e até estupidez para com os próprios colegas, estudantes, funcionários ou até conhecidos, familiares e amigos (que também existem e desde que não sejam favorecidos ilegalmente!), “lá se vai o Magnífico Reitor pelo cano abaixo”, salvo o devido respeito “a quem tentar enfiar esta carapuça”.

Por mais falta de tempo e por mais preocupação que tenha o “senhor reitor” com letra pequena, nunca se deixa um amigo à porta e muito menos um irmão dum amigo. E ainda menos ainda, se maltratam colegas, estudantes, funcionários e familiares, entre Outros. Há que ter a humildade de verdadeiro arrependimento, pedido de desculpas por escrito e de não reincidência.

Foi membro da Comissão Revisora do Código Civil que chegou a presidir, assim como do Conselho Superior do Ministério Público e do Conselho de Opinião da RTP, a que, também, presidiu.

Foi objecto duma série de merecidas condecorações de regime como p.e.: a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo, Grã-Cruz da Ordem de Sant'Iago da Espada, Medalha de Ouro da Universidade de Coimbra ou a Medalha de Ouro da Cidade de Coimbra.

E por detrás dum Grande Homem uma Grande Mulher como é Eliana Gersão, a quem também aqui prestamos homenagem. O meu e nosso querido amigo Senhor Magnífico Reitor Prof. Doutor Rui Alarcão deu-me, também a minha, honra de estar presente naquela que também foi a minha Imposição de Insígnias pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra ocorrida no passado dia 27/5/18.

No final, depois de me dar um fraternal abraço, confidenciou-me, depois de uma cerimónia pública que demorou várias horas: “obrigado pelo convite para o almoço, mas não poderei estar presente, pois estou um pouco adoentado, mas fiz questão de estar aqui…”.

Bem, neste seu acto simbólico do qual também me sinto “responsável”, está tudo – Amor, Justiça, Saúde, Liberdade, entre outros dons como o Trabalho e a Humildade, HUMANISMO.

Enfim, esteve presente num profundo esforço que agora percebo melhor e me deixa profundamente comovido. E como estamos num espaço cristão – que ainda existe apesar de todos os escândalos -, sejamos pois quantos formos, 13 ou 7000 milhões, não percamos nunca o sentido de Esperança e Fé, mas também Caridade e, portanto, sobretudo, Amor ao próximo, seja ele laico e/ou religioso.


Autor: Gonçalo S. de Mello Bandeira
DM

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24 agosto 2018