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OUVIR MISSA INTEIRA AOS DOMINGOS E FESTAS DE GUARDA

O primeiro dos preceitos da Igreja diz: “Ouvir Missa inteira aos domingos e festas de guarda”.

Um bom fiel procura com afinco cumprir este preceito, sabendo que não respeitar tal obrigação, por razões fúteis ou não consistentes, implica uma falta grave. Não participar no acto de culto mais relevante da Igreja é uma prova de desleixo ou indiferença contra o próprio Cristo, nosso Redentor, que reactualiza na Santa Missa o sacrifício do Calvário com todos os benefícios e consequências para a nossa salvação. Ainda por cima, se ele é celebrado num Domingo, esquecemos que foi neste dia da semana que Jesus ressuscitou, manifestando desta forma que é Senhor da vida e da morte. E se se trata de uma festa litúrgica relevante, que leva a autoridade eclesiástica a exercer o seu direito legislativo, considerando-a dia de preceito, deve acatar-se com reconhecimento esta indicação da Igreja, que nos recorda algum momento de particular importância para a vivência da nossa fé. É o caso, em Portugal, do Corpo de Deus, da Assunção de Nossa Senhora, do Natal, etc.

Infelizmente, nota-se, com certa frequência, que a ideia do cumprimento do preceito referido, anda bastante relativizado pelos fiéis, nomeadamente neste tempo do ano, em que as férias se apresentam como um oásis paradisíaco, em que as nossas obrigações de fé sossobram perante uma espécie de divindade monopolista chamada sossego e bem-estar. Os meus deveres para com Deus, autor do descanso – diz o Génesis (2, 2), que “concluída, no sétimo dia, toda a obra que havia feito, Deus repousou (...) do trabalho por Ele realizado” –, quer efectivamente que o homem não se esgote nas obrigações profissionais, tanto mais que as suas forças não são ilimitadas e requerem momentos de recuperação de energias. Mas tudo numa óptica de valores bem descricionados.

Se um filho não deve esquecer, de um modo tíbio e relaxado, as obrigações que tem para com os pais quando se ausenta para um ambiente diferente e pacífico durante uma temporada, muito menos o homem pode pôr de lado os deveres para com Deus criador, em qualquer momento da sua existência. A Ele tudo deve: quanto ao que é e à reposição da sua possibilidade de aceder à felicidade celestial, que perdera com o pecado original dos nossos primeiros pais. Cristo, Deus humanado, com o Sacrifício Redentor, reabriu-nos as portas do Céu, para podermos gozar da felicidade eterna.

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Não há muito tempo, falou comigo o pai de uma família com vários descendentes. Via-se que o assunto que o trazia até mim, o preocupava. No Verão passado, com a mulher e a respectiva prole, foram passar férias a uma praia algarvia, onde se demoraram cerca de quinze dias. No primeiro domingo, a filha mais velha, recém-adolescente, perguntou-lhe: “Onde vamos à Missa?” O pai titubeou uns momentos, procurou desviar a conversa, mas ela voltou a insistir. “Pai, onde vamos à Missa? Hoje é domingo...” Respondeu-lhe: “Não te preocupes. Nosso Senhor é muito bom e nosso amigo. O que Ele quer é que descansemos nestes dias e refaçamos as nossas forças”. E insistiu: “Não te preocupes...”

Em Dezembro passado, já perto do fim do 1º período lectivo, a mesma filha tinha um teste de matemática na 2.ª Feira seguinte, muito difícil, segundo ela considerava, e para o qual se empenhava duma forma decidida. No domingo de manhã, o pai e a mãe, como era costume, combinaram ir à Missa à igreja paroquial com os filhos. A rapariga embrenhara-se no estudo e isolara-se numa dependência da casa. O pai perguntou por ela e, ao saber onde se encontrava, foi lá chamá-la. “Vamos à Missa”. E voltou para o hall de entrada, aguardando que o resto da família se arranjasse. Tudo se aprontou, mas a mais velha não apareceu. O pai , não a vendo chegar, abeirou-se do sítio onde ela se encontrava e disse em voz alta. “Despacha-te. Vamos à Missa”. Não obteve resposta. Silêncio absoluto. Insistiu: “Estás a ouvir? Vamos à Missa...” Nenhum sinal de vida. O pai entrou e encontrou-a debruçada sobre o material de estudo. “Não ouviste? Vamos à Missa..”. “Não posso, respondeu, tenho muito que estudar”. O pai ripostou: “Isso não é razão...”

A rapariga empertigou-se e vociferou: “Nas férias do Algarve, Nosso Senhor era muito nosso amigo e o que queria era que descansássemos. Missa, nem vê-la! Agora, que eu tenho de estudar, já é preciso ir à Missa... Vá lá a gente perceber...”. Levantou-se, contrariada, e o pai ficou muito apreensivo...

Destaque

Se um filho não deve esquecer, de um modo tíbio e relaxado, as obrigações que tem para com os pais quando se ausenta para um ambiente diferente e pacífico durante uma temporada, muito menos o homem pode pôr de lado os deveres para com Deus criador.


Autor: Pe. Rui Rosas da Silva
DM

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4 agosto 2019