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Os sistemas educativos atuais respeitarão a integridade da natureza e da dignidade humanas?

Os sistemas educativos não são de modo algum documentos arbitrários. O homem, ao contrário do que alguns afirmam, não é igual aos outros animais no que concerne aos seus direitos e deveres em geral. A natureza do ser humano tem certas caraterísticas e fins muito diversos do animal irracional. O homem, como ente racional, exige, por si mesmo, o direito à cultura.

O fenómeno educativo é algo que pertence à própria essência humana e, por isso, o seu objetivo global tem que estar ligado ao fim último do próprio homem. A educação refere-se prioritariamente às faculdades superiores como direito e princípio imediatos de ação e que fazem parte integrante do substrato ôntico humano total. Assim, o fim próprio de toda a faculdade humana surge-nos como uma meta primeira da educação.

Deste modo, a educação aspira imediatamente à perfeição das faculdades humanas. Assim, o aperfeiçoamento da inteligência e da vontade é o fim da educação. Este fim da educação, devido à complexidade do ser humano, surge logo por providência primeira e como um todo múltiplo, porque o enriquecimento do entendimento e da vontade são diferentes e suportam todos os outros aperfeiçoamentos.

Logo, há uma multiplicidade de fins na educação. O entendimento só é perfeito quando possui a verdade; se a não possuir, fica deficitário. Por seu lado, a vontade é perfeita quando está na posse do bem, ou seja, quando o torna real ou o concretiza. A mentira, a falsidade, o engano, a intrujice, a impostura, o logro e a aldrabice nunca enriquecem a inteligência humana.

O mal, o erro, a desonestidade, a desmoralização, a deslealdade, a devassidão moral, a fraude, o hedonismo, a libertinagem e a depravação nunca contribuem para a mestria e o engrandecimento da vontade. Quão enganados andam os corruptos, os impostores, os burlões, os trapaceiros e os exploradores dos mais frágeis! Não pensam na efemeridade desta vida e nem refletem que para nada lhes servem a ganância, a soberba e a prepotência que os levarão, irremediavelmente, à desilusão completa, ao desencanto e à vacuidade com que encheram as suas faculdades superiores.

O aperfeiçoamento das nossas faculdades só se alcança numa luta racional e correta, conquistado de um modo constante, consistente, vencendo todos os obstáculos e ações iníquas que o mundo agressivo e louco nos quer oferecer no nosso dia a dia.

O verdadeiro enriquecimento da nossa inteligência e da nossa vontade só se consegue de um modo paulatino e gradual, ao longo da vida, até à obtenção da porção perfetiva que esteja ao nosso alcance. Esta aquisição gradativa do homem leva-o a criar os bons hábitos. São estes comportamentos que a educação deve ajudar a adquirir e a solidificar.

A aprendizagem que forma defeitos e aberrações no homem é indigna de se chamar educação. Em suma, a educação, ao perfectibilizar as faculdades humanas, aperfeiçoa todo o homem que é o seu suporte somático-psíquico.

A educação deve perseguir o objetivo último que é o desenvolvimento integral da pessoa humana. Será que a educação, que é ministrada atualmente numa grande parte das famílias, das escolas e das sociedades está correta? A educação moderna, altamente permissiva e desajustada em relação às necessidades do homem e da sociedade, não respeita a integridade da natureza e dignidade humanas.


Autor: Artur Gonçalves Fernandes
DM

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22 novembro 2018