No que concerne à juventude, para os ingleses ela termina aos 35, enquanto para os portugueses isso acontece aos 29 anos, mas para os cipriotas é apenas aos 45. Estamos perante dados muito díspares. No entanto, analisando as conclusões deste estudo, os autores evocam vários fatores explicativos dessa situação, dando uma grande relevância ao clima, ao tipo de trabalho e à percentagem de pessoas com níveis de estudos elevados. Os resultados salientam, igualmente, a importância da idade das pessoas que foram inquiridas.
Assim, para as pessoas auscultadas com idade entre os 15 e os 24 anos, a juventude termina aos 28 e a velhice começa aos 54; já para os sondados com idade superior a 80 anos, a juventude termina apenas aos 42 e a velhice começa aos 67; para os indagados com idade entre os 24 e os 80 anos, a juventude termina aos 36 e a velhice inicia-se aos 60 anos.
Para lá da idade cronológica, o psicólogo e o gerontólogo interessam-se, igualmente, por um conceito inicialmente utilizado apenas no domínio do marketing: a idade subjetiva. Esta define-se como a idade sentida por cada uma das pessoas. Sobre este tema, realizaram-se vários estudos (Kleinspehn-Ammerlahn et al. – 2008) que seguiram à volta 516 homens e mulheres de mais de 70 anos. A filosofia base do inquérito assenta na questão “No fundo de si mesmo, tem a sensação de ter que idade?”.
A idade subjetiva e a satisfação quanto à forma de envelhecer foram aí medidas. Observou-se um desvio de rejuvenescimento, ou seja, que os participantes, no seu global, se estimam mais jovens do que a sua idade real (em média 13 anos menos) e que, além disso, estão relativamente satisfeitos com a sua forma de envelhecer. A falta de saúde e a presença de doenças (como é óbvio) tendem a minimizar a diferença entre a idade subjetiva e a idade real.
À questão “Que idade se atribui quando se olha ao espelho?”, os participantes davam-se, em média, uma idade inferior a 10 anos em relação à que tinham na realidade no início do estudo, e a diferença tinha tendência para se reduzir (em média 7 anos) no decurso dos seis anos do estudo. Se bem que o desvio de rejuvenescimento esteja presente nos dois sexos, as mulheres percebem-se 4 anos mais velhas do que os homens. O culto da aparência e da magreza é, hoje, norma nas nossas sociedades, o que não deixa de ter repercussão sobre as mulheres, sobretudo as mais velhas (Wiseman et al., 1992; Gupta e Schark, 1993).
Alguns autores falam de uma norma do envelhecimento, em que as mulheres idosas são julgadas bastante mais duramente do que os homens idosos (Tiggermann, 2004; Wilcox, 1997). Estas normas sociais não são estranhas às diferenças quanto ao desvio de rejuvenescimento observado entre as mulheres e os homens idosos. Daí ter aparecido, nas sociedades modernas, um já notório recurso às transformações plásticas com o objetivo de remoçamento, nomeadamente nos indivíduos do sexo feminino.
Por último, o estudo mostrou que a satisfação dos homens quanto à sua forma de envelhecimento declinou mais rapidamente do que a das mulheres. Os homens, cuja esperança de vida é mais curta, envelhecem, em geral, menos bem do que as mulheres, o que pode, igualmente, explicar esse modo de sentir.
Autor: Artur Gonçalves Fernandes