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Os problemas do envelhecimento (II)

As consequências do envelhecimento da população não podem ser abordadas apenas no seu aspeto menos agradável. O prolongamento da duração de vida corresponde a uma esperança permanente dos seres humanos. Importa, pois, saudá-lo como um benefício da evolução das sociedades humanas de que as gerações atuais são as felizes beneficiárias. Esta mudança social gera populações que, globalmente, são saudáveis e ativas. A atividade dessas mesmas pessoas contribui para enriquecer a vida social no seu todo.

A solidariedade intergeracional constitui uma realidade, não apenas no interior de cada família, mas também através do envolvimento associativo de inúmeras pessoas idosas já reformadas. Essa população idosa cria novos modos de vida e de consumo. O lazer e o turismo, se os souberem aproveitar, encontram aí uma clientela que dispõe de tempo e, muitas vezes, de rendimentos que podem ser investidos nessas atividades. 

Já no campo da psicologia, a evolução têm sido rápida e radical nos últimos tempos, porque as circunstâncias do envelhecimento humano nos países desenvolvidos originou um aumento muito acelerado da esperança de vida, o qual impulsionou esta ciência a dedicar-se mais profundamente ao estudo dessa faixa etária. Tornou-se evidente que era necessário e imperioso assegurar a estas novas gerações de seniores uma real qualidade de vida e de integração social. É importante que as pessoas não apenas envelheçam, mas “envelheçam bem”.

A abordagem destas problemáticas implicou o desenvolvimento de um campo inovador de conhecimentos e práticas, ou seja, o da psicologia do envelhecimento, pois a evolução da vida humana assim o exige. Uma abordagem desenvolvimental propõe um certo número de modelos, que permitem apreender melhor os mecanismos do “bem envelhecer”. Uma vez que o envelhecimento é marcado por importantes modificações das atividades intelectuais, a psicologia cognitiva é, também, solicitada, a fim de compreender os processos afetados pelo avançar na idade, como a memória, a inteligência, a atenção e a resolução de problemas.

Numa perspetiva mais clínica, a psicologia deve desenvolver com profundidade uma abordagem das patologias inerentes ao envelhecimento. Do mesmo modo, ela não pode esquecer o aspeto social, onde sobressaem a passagem à reforma, o isolamento e as relações intergeracionais que merecem tratamento psicossocial. Acresce ainda que a problemática da autoestima e a perda do controlo e da autonomia constituem elementos incontornáveis da qualidade de vida dos idosos, sem olvidar a psicologia gerontológica no seu âmbito global e formativo.

Estas áreas da psicologia devem ser administradas por pessoas com formação específica, em espaços apropriados e onde não faltem ferramentas ajustadas e todo e qualquer outro recurso adequado. O envelhecimento normal que respeita a maioria da população idosa deve ser abordado como um período de desenvolvimento, com propriedades que lhe são próprias e que permanecem ainda, em certa medida, por descobrir. Apesar do seu avanço, graças ao trabalho de excelentes especialistas, a psicologia do envelhecimento tem ainda um campo de investigação muito basto.


Autor: Artur Gonçalves Fernandes
DM

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19 janeiro 2017