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Os grupos dos coitados

Portugal está saturado de grupos que bem se conhecem: partidos políticos, associações, clubes, grupos de todas as cores, onde muito se fala, se reúne, se programa e, sempre, sempre, tudo fica desactualizado na hora de iniciar os frutos de tantas reuniões, de horas perdidas. 

Os pensadores deste país, entretêm-se e elogiam-se mutuamente. Praticamente todos, nada produzem, não se utiliza qualquer benefício dos seus tempos gastos, nada pensam e dizem que não seja sobejamente conhecido do povo: são banais e, todavia, muitos, são bem pagos por certos jornais e televisões.

Os poetas e escritores escrevem tudo que lhes cheire a dinheiro fácil. Servem-se de artimanhas e de vias alheias para venderem, e o que escrevem não tem sumo, realidade, cultura, miolo que transforme mentalidades e formas de viver. Embora escrevam muito, quase sempre, é para meses mais tarde venderem poemas e literatura nas feiras, a quilo.

Esta gente, se argumentasse junto do homem fanhoso que conheci, ele diria com toda a convicção: “coitaaaaudos”! Analisemos com seriedade, com espírito construtivo: que associações são amigas do povo, ou que existem para servir o povo? Que dão ou que fazem pelo país, clubes, organizações – algumas até são secretas – que se justifiquem ou que sejam razão para gastos de rios de dinheiro? Onde se vêem partidos políticos em Portugal, que sirvam a nação, o bem comum, a fraternidade ou a política de um Olaffe Palme da Suécia que, em vez de acabar com os ricos, tudo fazia para acabar (no seu país) com a pobreza?

Parece estarmos condenados por estes grupos: grupos de coitados. Então a classe política que temos é um caos! Mentem. Manobram o povo que lhes paga e que os escolhe. No Governo anterior os responsáveis eleitos agrediram eleitores, chamando a uns “peste-branca” (reformados) e a trabalhadores e à classe média acusaram-nos de “viver além das suas posses”.

Um garantiu estabilidade, honradez, serviço e, desestabilizou, não se identificou como homem de carácter e usou de rapacidade nos já injustos vencimentos, pensões e reformas daqueles que já pouco ou nada podiam perder. Outro que adulava velhinhos e peixeiras nos mercados, onde podia praticar o agora chamado populismo, aceitou a acção ou política rapace do outro, e precisamente naqueles que sempre disse defender e a quem beijava.

Analisemos também este Governo camaleónico: enquanto o Governo anterior dizia “não há alternativas” ou “Bruxelas não deixa”, estes ageringonçados vão recuperando alguns investimentos, vão mantendo a capacidade de financiamento com as contas externas e já viram dois orçamentos de Estado passarem cá e em Bruxelas. Todavia, vão fazendo publicidade do que não fazem, do que não dão e conseguem camuflar o que sacam, colocando em risco a independência nacional e a justiça económica que dizem melhorar. 

Aumentam impostos, não repõem as reformas e as pensões nas quantias recebidas em 2010, não repõem o subsídio de Natal, que segundo a lei é irreversível, vangloriam-se perante a fome encoberta e continuam como os outros a produzir pobres para as cozinhas e as panelas da Igreja católica alimentar, bem como para bancos alimentares, instituições que praticamente não existiam no tempo de Salazar e, é mais que certo, que devido às vigas da extrema-esquerda que os suportam, nem daqui por cinco anos teremos a economia nacional como a existente em 2008.

Finalmente, analisemos os políticos de acção europeísta: sempre afirmei que a chamada União Europeia nunca conseguiu atingir os princípios para que foi criada. E vê-se, sente-se, que está em decomposição. Desde a crise da Grécia não parou de descer: com fascismos a ressuscitar, com esquerdas utópicas a confundir e com populismos que paralisam o raciocínio das populações. Prometeram – a União Europeia – que com a moeda única haveria equilíbrio económico entre os seus aderentes, haveria mais solidariedade e o que se sente nos bolsos é o contrário disso tudo. A moeda única abafou o projecto europeu, que vive cego e surdo. Gente ou grupos de coitados? É como dizia o outro: coitaaaaudos!

(O autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico).


Autor: Artur Soares
DM

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6 janeiro 2017