Numa época estival, com forte afluência de visitantes à cidade de Braga, é desolador constatar que as principais artérias da zona histórica continuam “infestadas” de pingarelhos de ferro e um emaranhado de arames que servem de suporte contínuo para os manter eternamente “plantados”, após o evento “festivaleiro”, parafraseando as vozes da oposição, com as “festas e festinhas” frenéticas realizadas na cidade dos Arcebispos.
Há um certo vício “patológico” em devolver este espaço urbano conforme estava antes da colocação das “próteses” que sustentam a ornamentação de acordo com o perfil do evento cultural, geralmente promovido ou patrocinado pelo município.
Essencialmente, o topo da avenida da Liberdade, ruas de S. Marcos, do Souto até ao Arco da Porta Nova, Capelistas, entre outras, estão completamente inestéticas, feias e de mau gosto para todos aqueles que pretendem levar boas recordações, ou seja, a marca do “emplastro” da tubagem lá enraizada, dá um cenário errado ao postal ilustrado da beleza paisagística e muito nobre existente nas fantásticas e lindíssimas ruas da capital do Minho.
É surpreendente a tolerância da autarquia bracarense na postura complacente destes excessos de mau gosto postados no espaço público, sabendo-se da sua permanência desde as celebrações da Semana Santa, mantendo-se os mesmos até às festas sanjoaninas, provavelmente vão ficar em lista de espera até à notável iniciativa da “Noite Branca”, e, naturalmente, mais um pouco de calendário, aguentar-se-ão até as festas de Natal, ou seja, quase um ano inteiro a conviver num ambiente propício à candidatura das cidades mais feias de Portugal, à poluição visual e à fertilidade do vício de um centro urbano preenchido pela ausência da recolha do entulho ou sucata resultantes dos adornos das festas populares.
As comissões organizadoras das festas e dos eventos culturais programados na cidade deviam ser responsabilizadas ou disciplinadas em arrumar a “casa” conforme a encontraram e contribuírem para um espaço urbano que se afirma “autêntico”, que desenvolve uma imagem de turismo marcado pela diferença e pelo respeito pelo meio ambiente e social e libertar as ruas do “lixo protésico”.
A ocupação do amontoado de ferros e arames espalhados pelas principais ruas da cidade de Braga, traduz pressuposta incúria na retirada dos mesmos, desrespeita o princípio da harmonia urbana, configura uma atitude saloia e economicista em prevalecer a sua permanência de transição, ofende e dececiona o orgulho da comunidade bracarense que propaga o requinte e a excelência promocional fora do espaço territorial da sua área residencial, não tem justificação a longa permanência das “estacas férreas”.
Urge limpar a cidade dos resíduos adversos existentes nos espaços públicos dedutíveis aos eventos realizados com o carimbo municipal. Contudo, é conveniente fazer uma triagem à empresa incumbida na ornamentação, deixar clarividente a área asseada sem réstias de materiais antes não existentes e sucessivamente atribuir responsabilidades às organizações sob o mote de planeamento de uma área urbana totalmente libertada da utilização dos suportes de ferro e à grande quantidades de arames, logo após o término do calendário festivo.
Sobejamente conhecido e aplaudido, o presidente da Câmara Municipal de Braga é uma personalidade que defende uma “cidade inteligente e sustentável” no âmbito das tecnologias da limpeza, é um embaixador persistente no desenvolvimento do turismo local, tem uma visão inovadora nas mudanças ecológicas prementes na sua autarquia e consiste na identificação atempada na correção e reparação de danos que perturbem o “slogan”, “… é bom viver em Braga”, a tal cidade autêntica.
Esperemos que fique sensibilizado que os bracarenses já estão fartos de conviver, ao longo de quase um ano, com “pingarelhos” de ferro “plantados” no centro urbano de Braga, notavelmente feios, dispensáveis e que conspurcam a deslumbrante zona histórica bracarense.
Autor: Albino Gonçalves