A solução política para o governo do arquipélago dos Açores resultantes das últimas eleições regionais tem dado rios de tinta no nosso país por estes dias.
Há quem com toda a legitimidade entenda, como o bracarense Hugo Soares, que a solução fere o princípio que o PSD sempre defendeu de apenas chefiar o governo quem ganha eleições.
Não me interessa, por agora, entrar nessa questão mas, a talhe de foice, confesso que uma solução governativa do PSD, apoiada pelo CHEGA, não me seduz absolutamente nada.
Como já escrevi, o CHEGA apenas é mais um partido dependente de um homem demagogo que apenas ganhou popularidade porque defendia na televisão as cores do Benfica que é um dos clubes de futebol com mais adeptos.
O CHEGA não tem ideologia, não tem consistência programática, apenas navega ao sabor do vento, tentando obter nichos de mercado de descontentes e, agora preocupa-me mesmo muito, conseguindo obter algum apoio de eleitores que sempre votarem PSD e que não se revêm na deriva de esquerda que o Partido agora quer realçar com a chegada de Rui Rio à presidência do partido.
De facto, alguns militantes do PSD com responsabilidade nacionais, em vez de estarem preocupados se o PSD é de esquerda, centro esquerda ou centro direita, deveriam era perceber a génese do seu eleitorado que, também sendo de centro esquerda tem uma percentagem grande de centro direita. Estes eleitores gostariam que a oposição do PSD ao PS fosse total e frontal como aconteceu com todos os líderes sociais democratas que ganharam eleições em Portugal.
Acontece que dentro do núcleo de pessoas de centro direita que sempre votaram PSD, há também eleitores, aquelas com menos consistência política, que são bastante atraídos pelas tomadas de posições populistas e conjunturais do CHEGA.
Isto para já não falar que, face à decadência cada vez maior do CDS, será de uma total incompetência política o PSD não ser capaz de atrair para si o seu órfão eleitorado.
Aliás, nenhum partido de um homem só vingou em Portugal como aconteceu com Ramalho Eanes, António Marinho, Santana Lopes, Arnaldo Matos, Manuel Sérgio, etc. Ora, o PSD, chamando o CHEGA para um acordo governativo está-lhe a dar uma consistência para uma solução governativa que faltou a todos os partidos dependentes de um homem só.
Assim, por estes motivos, qualquer colaboração como CHEGA não me agrada e nunca pelos motivos invocados pelo Partido Socialista.
Aliás, o país tem assistido com muita diversão ao ataque ao PSD completamente inconsistente de António Costa, de Fernando Medina ou outros dirigentes do PS.
Então o PS que faz um acordo para uma solução governativa de 4 anos, seguida de mais 4 anos como, apesar do folclore político, é o que acontece, e fá-lo com os partidos de extrema esquerda mais antidemocráticos no nosso sistema parlamentar?
Não é preciso estar muito atento para perceber que quer as regras internas quer os regimes políticos que o Bloco de Esquerda e o PCP defendem estão longe de ser democráticos. Além do mais, estes partidos são contra o lucro, são contra a iniciativa privada, são contra uma sociedade livre, democrática, com cidadãos empreendedores mas apenas deixá-los dependentes do estado com impostos que abafa qualquer sociedade que se queria desenvolver.
Há na Europa democrática algum governo socialista que tenha como suporte político partidos tão conservadoramente comunistas ?
Aliás os governos de António Costa, por estarem dependentes destes partidos, são dos governos mais imobilistas de Portugal, com ausência de qualquer reforma estrutural consistente e apenas se ocuparam, com cativações imorais, de repor uma situação social e económica existente antes da bancarrota socialista, mas que só teve sucesso devido ao estado em que Passos Coelho deixou as finanças públicas.
O acordo com o CHEGA tem por base a redução do número de deputados na Assembleia da República (medida defendida pelo PSD desde Sá Carneiro ), o fim da subsiodependência, um gabinete de combate à corrupção e o reforço da autonomia regional.
Vendo a questão, só por este prima, que legitimidade tem o PS – que não teve pejo em se alinhar a partidos antidemocráticos – para dizer o que quer seja? Zero, apenas conseguir sorrisos divertidos a muita gente !
Autor: Joaquim Barbosa