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Opinião e verdade, problema do mundo da informação

Certamente que pode abordá-la e compreendê-la de uma forma mais rigorosa. A ciência assim nos diz. É diferente um conhecimento verdadeiramente fundamentado num estudo profundo e, tanto quanto possível, objectivo, duma mera opinião que se tem sobre um assunto ou um aspecto da realidade.

No mundo próprio do jornalismo, a questão da objectividade de uma notícia, e, mais do que da objectividade, da sua verdade, coloca-se com frequência. O leitor de um jornal, ao folhear as suas páginas, não pode deixar de ter um sentido crítico sobre o que elas dizem e a forma como são apresentadas. 

Sabemos que o mundo da imprensa está sujeito a muitas pressões e a muitos interesses. Não só de carácter económico, mas também ideológico. Não é raro que um tema seja apresentado como uma realidade perfeitamente assumida e evidente, quando o que ele manifesta não passa da mera opinião que o seu autor transmite ao leitor, fruto do que ele pensa sobre a matéria, quando não do que lhe foi instigado por grupos mais ou menos poderosos de quem é porta-voz.

Um jornalista encontra-se muitas vezes na situação de ter de noticiar rapidamente um acontecimento que necessitava de tempo e ponderação para ser tratado com maior objectividade. Isto pode levá-lo a precipitar-se de modo mais ou menos inconsciente, ou a facilitar a redacção de algo que suspeita que ocorreu do modo como ele supôs, tendo em conta alguns dados que conseguiu recolher à última hora. 

E isto na melhor das hipóteses. Pois não deixou de ser significativa uma série de considerações sobre um acontecimento de carácter – chamemos-lhe assim – político, de relevância nacional, que o director de um semanário publicou, nos anos um pouco posteriores ao nosso 25 de Abril, mas que, por razões pontuais, não se realizou.

Em suma, o que o jornalismo nos diz sobre o mundo em que vivemos não deve ser tomado a sério ou carece de valor em sentido absoluto? A liberdade de imprensa é um mal? 

De modo algum. São duas realidades que devemos agradecer e acarinhar, porque o homem é um ser de conhecimento e necessita de estar informado sobre o que acontece à sua volta. Reprimir a liberdade de expressão é uma violência anti-natural, já que o mesmo homem, como atrás se considerou, espelha a liberdade com que o criador o dotou. E quando não há liberdade de expressão, o que nos informam é sempre aquilo que quem pode e manda deseja transmitir sobre o que acontece, de acordo com determinadas conveniências e convicções políticas, que giram em torno dos seus interesses de poder.

Outra coisa diferente é que o profissional da imprensa deva ser um homem que procure a objectividade sobre o que informa. E que o leitor tenha algum sentido crítico e escolha, no mundo do jornalismo, aquele que lhe parecer mais consentâneo com a verdade e a honestidade de quem dá notícias.

 

Autor: Pe. Rui Rosas da Silva
DM

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19 março 2017