Não faltam comissões, projectos, grupos de estudo e especialistas em “ódio racial”, “desigualdades sociais” e de “xenofobias”. Não faltam e são muitos, muitíssimos, bem “alimentados” com os nossos impostos (todos temos presentes os 15 (quinze) milhões de euros para uma “obra” de um tal Mamadu.
Há inspecções para tudo. Até para fazer pagar multas pesadas a cafés e similares que não há muitas semanas cometiam o “crime” horrendo de servir a dita e saborosa bebida em chávenas (seria melhor dizer xícaras) em loiça e não em copos de papel quando estes estabelecimentos já estavam em crise profunda e da qual muitos nunca mais se irão levantar
…Contudo…
Contudo nestes últimos dias fomos “abalados” por casos de puro e duro esclavagismo em Odemira! Os escravos estavam “acorrentadas” por condições infra-humanas. Ai de quem fosse ou for apanhado a tratar assim os seus animais de estimação! Amontoados sem espaço mínimo vital. Com lixo por todo o lado. Sem água quente para o banho diário, sobretudo para quem trabalha no campo alentejano, sem horários de trabalho legal.
Povos miseráveis explorados até ao limite do humano para enviar para a família uns poucos de euros para suavizar a fome, a doença…
Como é possível, em Portugal, pioneiro na abolição da pena de morte e do esclavagismo, numa Europa cheia de burocratas que adoram comer mirtilos em Janeiro, framboesas em Dezembro ou amoras em Fevereiro sem se preocuparem em saber de onde lhes chegam aos pratos? A que condições são submetidos os trabalhadores que as produzem?
…Pois era sabido de toda a gente com motorista, horários fixos, com refeições prontas a horas, banho diário de água quente (se o quiserem), com feriados, dias santos e férias pagos, mais subsídios de alimentação e outros. …Era sabido . Contudo parece que são milhares, sobretudo homens. Mas há crianças e mulheres. Tudo de países miseráveis: Paquistão. Bangladesh, Nepal… Todos chegam cá intermediados por redes sediadas na origem e no destino para quem vai o sangue ,o suor e a tristeza destes pobres entre os pobres que ninguém defende (defendia). Por onde andam os grupos e grupúsculos intitulados de defesa dos “Direitos Humanos”, das “Minorias” “desfilantes” do 1.º de Maio ou do 25 de Abril? Onde estavam as Caritas Diocesanas daqueles territórios? Por onde andavam os “senhores” deputados, de todos os Partidos que dizem representar o povo e lutar contra a exploração do trabalho? Muitos destes parasitas, os deputados, estão muito mais interessados em legislar sobre a Eutanásia, a morte, do que sobre a vida digna destes pobres trabalhadores. É bom nunca o esquecer.
Ter trabalho e trabalho remunerado com justiça e dignidade, com folgas, férias… São lados da VIDA COM DIGNIDADE.
E não deveria ser esta a grande causa dos que dizem representar o povo e o povo mais pobre, oprimido, explorado que vegeta longe da sua Família, sem conhecer a língua do país onde são vítimas do medo de serem despedidos para e na pobreza?
…Mas quantas Odemiras haverá neste nosso país? Quantos milhares de homens e mulheres (crianças também) não andam por aí explorados, iligais, a alimentar mafias que vivem desta miséria humana? …E ninguém sabe!
Sinto vergonha deste meu pobre Portugal que foi exemplar na abolição da escravatura e da pena de morte.
Sinto asco pelos chamados “defensores dos diretos humanos que desfilam com ruído duas ou três vezes por ano na Avenida Liberdade” e que nada têm feito por estas vítimas dos novos esclavagistas.
Autor: Carlos Aguiar Gomes