Nunca tive grande apetência pelo clima de Braga, como muitos bracarenses, aliás.
Temos frio a mais, chuva a mais, vento a mais e humidade a mais. Sei que o facto de Braga ficar num vale acentua mais este tipo de clima mas, de entre a boa fama que temos em vastas áreas da nossa cidade, ser o “penico do céu” não é, seguramente, das que mais gosto.
Já estou a escutar as vozes a dizer que há muito pior e, sendo verdade, não altera minimamente o meu estado de espírito, neste tempo.
Principalmente eu que trabalhei no Brasil, desde os estados da Amazónia mais a norte até Santa Catarina e Rio Grande do Sul, no extremo, custa-me imenso este tempo. Recordo com muitas saudades os anos em que não tinha inverno ou, antes, tinha dois verões, quando vinha a Portugal de Junho a Setembro.
Aliás, ver, neste tempos, as fotografias dos meus amigos e amigas na América do Sul nas redes sociais, nas praias, nos barcos, a fazer desporto ao ar livre, ou simplesmente a curtir a noite em qualquer lugar ainda me aumenta a melancolia e a saudade.
Sempre me impressionaram no Brasil as cheias que ocorrem todos os anos, devido ao facto de terem cidades construídas à beira dos rios ou demasiado próximas do mar ou ainda, pelo desleixo com que são deixadas certas belezas naturais que atraem multidões de turistas. Todos os anos acontece o mesmo mas também nunca vi nenhum brasileiro, na altura das eleições, a exigir dos políticos medidas para acabar com esta situação que todos os anos se repete, aqui ou ali.
Quando voltei em definitivo para Portugal depois de passar 4 anos em Santa Catarina, fiz firmes propósitos de voltar, em férias, pelo menos uma vez por ano no nosso inverno mas, quando um problema de saúde de uma familiar ter impedido a viagem em 2019, somado ao aparecimento do COVID há dois anos, que passo a totalidade do nosso penoso inverno por aqui.
Nunca esqueci as palavras do Presidente de uma associação de agricultores no estado do Paraná, na cidade do Cascavel, a cerca de 80 Kms de Foz do Iguaçu, por ocasião da abertura de uma feira agrícola com 14 kms de vias e com mais de um milhão de visitas durante uma semana – durante a qual, já agora, vendi para a Bolívia, cerca de 120 mil dólares de depósitos de água amovível, de uma empresa bracarense – que enfatizava a necessidade do sol e da chuva no campo para dar de comer e de beber à população mundial.
Sei bem disso e da importância da chuva e do frio mas, caramba!, há tantos países por esse mundo fora que têm as mesmas necessidades mas com clima mais ameno e logo a nós é que foi calhar tanto desconforto?
Ainda por cima com a intensidade do vento, a chuva é lateral o que nos deixa, muitas vezes, literalmente molhados, mesmo com guarda chuva e agasalhados.
Em Portugal, desde o tempo de Sócrates que se fala de energias assim e assado, tudo muito tecnologicamente avançado e vanguardista, mas os poderes públicos parecem ter esquecido que em Portugal é dos países onde mais frio se passa no inverno, principalmente as pessoas mais idosos e habitantes do interior.
Aliás, este clima de pré campanha em nada ajuda com a monotonia de tantos debates, com tanta gente a “botar faladura”, perante a indiferença os portugueses e com um Portugal que parece anestesiado perante a estagnação que vivemos, sem ambição, sem chama e sem desígnio.
Os mini debates que estão a decorrer, além de revelarem um excesso de zelo democrático pela sua quantidade e alheamento daí decorrente, originam outras situações curiosas como a surpreende postura do líder da Iniciativa Liberal no debate com a líder do Bloco de Esquerda, que apesar do sucessivos ataques desta, parecia que lhe tinham cortado o pavio, em contraste com a postura que assumiu perante outros líderes partidários.
No entanto, os debates poderão constar de uma análise ulterior.
Se relativamente ao clima pouco ou nada podemos fazer, já a resignação dos portugueses pelo fraco desenvolvimento de Portugal, deveriam contrastar com a energia e calor necessárias ao combate para sairmos deste marasmo.
Autor: Joaquim Barbosa