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O surrealismo da AGERE…

Todas as terças, dia semanal de feira na cidade de Braga, faça sol e calor ou chuva e frio, a recolha do lixo deixado pelos feirantes na avenida Dr. Viriato Amaral Nunes, exterior do Estádio 1.º de Maio até à rotunda em direção ao Bairro Nogueira da Silva, é executada manualmente por um grupo de colaboradores da AGERE, curvado centenas de vezes para remoção de resíduos do espaço público em apreço, dando uma ideia quase de “terceiro mundo” no modo como se processa a limpeza, especificamente neste caso. Inegável o investimento nas novas ferramentas tecnológicas e aplaudido pela amostra do sucesso, a AGERE tem dado sinais na aposta de uma logística inovadora na eficácia da higienização pública e honrando o seu compromisso de salubridade com a comunidade residente na manutenção de uma cidade limpa, padronizada às exigências elementares da saúde ambiental e paisagística. Infelizmente, e em contradição com a realidade, os sinais da observância têm indicadores negativos da ausência de triagem sobre a certificação e qualidade do desempenho na prestação de serviço por esta empresa, nomeadamente a visível inoperacionalidade da limpeza de passeios, arruamentos, pracetas, logradouros, papeleiras e outros espaços da sua exclusiva responsabilidade de intervenção no perímetro urbano da cidade de Braga, ficando-nos uma sensação que apenas só algumas áreas, “para inglês ver”, são realmente esvaziadas do lixo urbano, lamentavelmente deixado por incúria e falta de civismo dos cidadãos culturalmente diminuídos pelos princípios dos deveres de cidadania. O paradigma da recolha semanal de resíduos deixados pelos feirantes é, no mínimo, uma falta de consideração e talvez de respeito às condições mínimas de trabalho dos colaboradores da AGERE, usando-os num procedimento inadequado e inadmissível, podendo esta tarefa ser substituída por máquinas tal como aconteceu inicialmente no período da deslocação da feira semanal do Parque de Exposições de Braga para toda a área envolvente situada na avenida Dr. Viriato Amaral Nunes até à rotunda de acesso ao Bairro Nogueira da Silva, incluindo o exterior do Estádio 1.º de Maio. Tem sido notícia e reconhecimento de alguns presidentes de Junta de Freguesia, que as ruas da cidade dos Arcebispos estão mais sujas, sabendo-se que em toda a extensão da avenida da Liberdade metade carece do mesmo impacto da limpeza como é procedida pelos serviços da AGERE, ou seja, do cruzamento da rodovia em direção ao Largo S. João da Ponte não tem o mesmo tratamento urbanístico na higienização pública, ou varredura entre outras, coisa rara, em toda a rua de S. Victor até ao final da extensão da rua D. Pedro V. Esta empresa municipal, com 49% de capital privado, tem dado uma ideia expectável de melhoria da qualidade de serviços prestados, mas no terreno, as ruas e passeios estão mal ou nunca limpos, a varredura deixa muito a desejar, o lixo acumula-se por todos os cantos em redor dos contentores e bermas, pondo, nalgumas situações o risco de saúde pública para a comunidade residente. Voltando à caricata recolha de lixo deixado pelos feirante por meia dúzia de colaboradores da AGERE, entristece qualquer munícipe testemunhar a execução de uma tarefa dolorosa, nomeadamente o impacto posicional no abaixamento que reflete na coluna do trabalhador, pressupondo que possa existir alguma violação na legislação da promoção, prevenção de segurança e saúde do trabalho, regulamentado pelas Leis 102/2009 e 103/2014, algum ferimento em alguns articulados nos direitos e garantias dos trabalhadores. Seja como for, ninguém gosta de ver trabalhadores vergados centenas de vezes a apanhar caixas de cartão, sacos de plástico e outro lixo diverso “herdados” durante um dia de venda ambulante e consecutivamente repetido todas as semanas, cabendo à AGERE humanizar o procedimento de trabalho através das capacidades alternativas disponíveis no parque do equipamento logístico e tratar a limpeza das artérias citadinas de Braga por igual, desfazendo a ideia de um perímetro urbano limpo de 1.ª e 2.ª categoria.
Autor: Albino Gonçalves
DM

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30 julho 2018