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O regresso dos dinossauros

Ora, estes autênticos animais políticos já levam no currículo longos anos de poder autárquico ininterrupto, só dele sendo afastados por força da legislação que impede o exercício de mais de três mandatos consecutivos; mas, desde que cumpram um mandato de quarentena, podem novamente candidatar-se a uma nova rodada de três, mandatos e que é o caso presente. Por isso, começam já alguns nomes a aparecer na comunicação social:

Valentim Loureiro, Isaltino de Morais, Avelino Torres, Narciso Miranda, Fernando Seara, Mesquita Machado, e já avozinhos, um tanto démodé e esclerosados dispõem-se a descalçar as pantufas e a abandonar os sofás, numa verdadeira cruzada que dizem ser de sacrifício e abnegação ao serviço do semelhante: obviamente porque a língua não tem osso, as palavras valem o que valem. 

Todavia, um propósito, me parece, a todos une: serem candidatos independentes, livres, assim, das malhas das estruturas e dos partidos políticos que serviram e de que se serviram, mas, de que hoje estão afastados; e se assim procedem é porque, com certeza, razões têm para o fazer. 

Então, qual será a verdadeira razão de tais candidatos se apresentarem ao eleitorado na condição de independentes? Falta de apoio das estruturas e máquinas partidárias? Estratégia e tática políticas? Ou, tão-só, uma questão de moda? 

A meu ver, é mesmo a segunda hipótese que está na razão direta de tal opção independente; porque tem havido evidente adesão popular e em crescendo a estas candidaturas (o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, assim procedeu, quando se candidatou à presidência), devido, sobretudo, ao descrédito, desconfiança e desvalorização em que caiu a política que se vai fazendo por aí e aos políticos que a fazem. 

Pois bem, perante o fenómeno do regresso dos dinossauros políticos, uma questão pertinentemente se levanta: o que podem eles trazer de novo para apresentar ao povo? Sobretudo se alguns deles atrás de si deixaram rabos de palha, rastos de imobilismo, práticas de autocracia, ações de cinzentismo e, até, impunidades e questões judiciais por resolver? 

Mas, afinal, que encantos terá o poder que tanto atrai, seduz e inebria? Mormente, quando cria, amamenta e mantem este fenómeno da existência de dinossauros políticos, mesmo se excelentíssimos? 

De certeza que António de Oliveira Salazar que eles tanto criticaram pelo apego de 48 anos ao poder não seria capaz de fazer mais e melhor! 

O que nos leva a gracejar: 

- Toma lá, ó Zé, que é democrático! 

Então até de hoje a oito.

 


Autor: Dinis Salgado
DM

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14 junho 2017